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Cientistas seqüenciaram o genoma do protozoário Plasmodium vivax, causador de 80% dos casos de malária no Brasil. O resultado, a ser publicado amanhã (9) na revista "Nature", será uma grande ajuda para as pesquisas sobre vacinas e novas terapias contra a doença.

O seqüenciamento permitirá a substituição de experimentos com o protozoário vivo por simulações de computador Um grande avanço, pois o Plasmodium vivax não sobrevive muitos dias em tubo de ensaio: os cientistas são obrigados a criar macacos infectados para realizar experiências.

Além disso, a comparação do genoma do Plasmodium vivax com o de outras espécies de plasmódio, como o Plasmodium falciparum, poderá revelar, por exemplo, quais diferenças nos genes se traduzem em diferentes graus de resistência a medicamentos ou de agressividade da doença.

O Plasmodium falciparum, responsável por 20% dos casos de malária no País, foi seqüenciado em 2002. Jane Carlton, pesquisadora do Centro Médico da Universidade de Nova York e autora principal do artigo, afirma que o escasso dinheiro para pesquisas com malária costumava ser direcionado apenas para pesquisas com Plasmodium falciparum. "É a espécie que mais mata no mundo", explica Jane. "O Plasmodium vivax não costuma matar, mas faz a pessoa desejar a morte." Ela acredita que o seqüenciamento vai ajudar a mudar o status de "forma negligenciada" da malária causada por Plasmodium vivax.

Para Márcio Yamamoto, biólogo da USP e co-autor do artigo, os resultados são motivo de comemoração especialmente para o Brasil, onde o vivax é o principal causador da malária.

Marcelo Urbano Ferreira, do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, já utilizou os resultados do seqüenciamento antes mesmo da sua publicação. Ele descobriu "marcadores genéticos" capazes de identificar diferentes populações de Plasmodium vivax. Sua pesquisa será útil, por exemplo, para estimar a diversidade e a taxa de cruzamento das várias cepas de protozoários que existem no País, duas variáveis que ajudam a compreender diferentes graus de resistência a terapias.

Ferreira comenta que já é mais fácil encontrar fontes de financiamento para pesquisas com o vivax. E cita como exemplo a Fundação Bill e Melinda Gates que, havia poucos anos, só direcionava recursos para estudos com Plasmodium falciparum. "Mas eles perceberam que, para erradicar a malária do mundo, não é possível ignorar o Plasmodium vivax", afirma.

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