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Brasília – Fragilizado por sucessivos escândalos, da crise do mensalão ao dossiê Vedoin, o PT iniciará um acerto de contas interno logo após as eleições. Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já indicou que pretende se livrar dos "companheiros-problema" e reformar o partido que ajudou a fundar "Não é possível que a gente continue convivendo com tanta crise sem fazer nada", disse Lula, em conversa reservada.

O presidente chegou a mencionar a possibilidade de fundir o PC do B e o PSB com o PT, caso comunistas e socialistas não atinjam a cláusula de barreira nas eleições. Esse cenário, no entanto, ainda depende da sobrevivência dos partidos no teste das urnas.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou que é preciso agir rápido para reerguer o PT e evitar que a sigla seja destruída. "Se antes a tese da refundação do PT era uma alternativa, agora é uma necessidade", argumentou. "O partido terá de discutir a leveza com que tratou a questão da ética pública nos últimos anos e mudar o seu estilo de direção. Não pode mais ser um apêndice do Palácio do Planalto."

Os últimos escândalos envolvendo petistas – que tentaram comprar um dossiê na tentativa de associar o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, com a máfia das ambulâncias – assanharam as facções do PT, que falam sem cerimônia em antecipar a escolha da nova cúpula partidária. A última eleição ocorreu há apenas um ano e o mandato do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), vai até 2008.

"Passada a eleição, os demônios do PT se soltam. Então, precisamos ter alguém credenciado para segurar os demônios, senão qualquer coisa vira disputa interna", comparou um dirigente do partido. Apesar de ter sido defenestrado da coordenação da campanha de Lula após a Polícia Federal descobrir a trama do dossiê Vedoin, Berzoini assegura que nada tem a ver com o episódio e insiste em que não sairá da presidência do PT.

Dizendo-se revoltados com tantos desvios éticos, petistas graúdos já pregam uma cúpula menos paulista. "Não tenho preconceito nenhum contra o eixo Sul-Sudeste, mas acho que existe uma visão paulista demais no PT", comentou o governador do Acre, Jorge Viana. "Há petistas no partido que nem parecem petistas. Deveriam se filiar logo ao PFL porque ficaria mais natural."

A guerra no PT promete ser cada vez mais ruidosa daqui para frente. Uma das arenas do embate será o Congresso do partido, previsto para o segundo semestre de 2007. Para o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, o problema da legenda não é geográfico, mas político. "Há, dentro do PT, um grupo de dirigentes que não aprendeu nada com a crise de 2005. Esse grupo não é paulista. É um grupo político, com ramificações em todo o País", observou ele, em artigo publicado no site do PT intitulado Operação Tabajara, o retorno.

Ex-assessor de Lula, Frei Betto engrossou o coro dos que defendem a "refundação" do PT. "É muito grave o partido não apurar as denúncias de desvios éticos, quando já o fez em se tratando de divergências políticas, chegando às raias da expulsão", disse Frei Betto.

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