Diminuir a velocidade nas ruas para reduzir a gravidade de acidentes de trânsito é uma prática adotada em muitos países e que está começando a ganhar espaço nas cidades brasileiras. O assunto entrou em debate, com força, desde que a prefeitura de São Paulo baixou, no mês passado, a velocidade máxima nas marginais Tietê e Pinheiros. Nas pistas que permitiam 90 km/h, agora as placas indicam 70 km/h. E onde era 70 km/h só pode até 50 km/h.
INFOGRÁFICO: entenda a relação entre a velocidade e risco de acidentes
A discussão ficou centrada na possibilidade de a medida causar ainda mais congestionamentos e lentidão na cidade que tem o trânsito mais caótico do país. Mas não é bem assim, defende Ailton Brasiliense, assessor do Departamento Nacional de Trânsito e presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos.
Ele argumenta que um tráfego que flui melhor, mesmo mais devagar, permite que os motoristas completem o trajeto em tempo semelhante, com menos riscos de contratempos. É a paráfrase da torneira e do ralo, quando o volume precisa respeitar a capacidade de vazão. “Ou seja, fazer sair mais água, em menos tempo, não vai fazer tudo fluir. Vai empoçar, encher a pia. O mesmo acontece com o trânsito”, compara. Com a diferença que as moléculas da água, ao contrário dos carros, se adaptam em qualquer espaço. Sendo assim, mais velocidade em uma via incompatível terminaria, entre outros problemas, apenas por potencializar os danos em caso de acidente.
Além disso, Brasiliense lembra que as pequenas colisões – aquelas que não causam feridos, apenas estragos materiais – também complicam o trânsito. Nas marginais paulistanas, por exemplo, um carro sinistrado na pista por alguns minutos já é suficiente para provocar longos congestionamentos. Apesar das vantagens apontadas para a redução em larga escala das velocidades nas vias, o assessor conta que não há planos do Departamento Nacional de Trânsito ou mesmo do Conselho Nacional de Trânsito, órgãos que regulam o setor, de tomar a dianteira nessas decisões. É que a regulamentação das velocidades nas ruas cabe às cidades.
Um dos motivos que levaram São Paulo a comprar a briga com os velocímetros foi o número de mortes no trânsito. Depois de dois anos em queda, em 2014 a quantidade voltou a subir.
Entre os tipos mais fatais de acidentes estão os atropelamentos e os vários levantamentos indicam que a gravidade dos casos varia drasticamente de acordo com a velocidade. Se um pedestre for atingido por um veículo a 60 km/h, a probabilidade de morte é de 70% e a 80 km/h – ou seja, apenas 20 km/h a mais – sobe para quase 100%.
Brasiliense reforça que há uma relação direta entre a velocidade e o número de acidentes e também a gravidade. “Essas reduções mundo afora estão sendo feitas há muitos anos, não é modismo”, diz. Os primeiros testes de redução de velocidade em algumas zonas da capital paulistana resultaram em diminuição no número de acidentes (veja infográfico nesta página). Também é importante destacar que quanto maior a velocidade, maior o espaço percorrido em caso de frenagem. A 100 km/h, um veículo pode andar duas quadras (200 metros) até conseguir parar totalmente – e isso é muito no momento de evitar um acidente.
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