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Richa: escritório tinha irregularidade de gestões passadas. | Reprodução/RPC-TV
Richa: escritório tinha irregularidade de gestões passadas.| Foto: Reprodução/RPC-TV

O governador Beto Richa anunciou nesta quarta-feira (4), em entrevista ao ParanáTV, da RPC-TV, que o Paraná terá unidades pacificadoras, semelhantes às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas nas favelas do Rio de Janeiro dominadas pelo narcotráfico. De acordo com o governador, o piloto do modelo paranaense será implantado até a metade deste ano, em Curitiba. A Unidade Paraná Seguro – como seriam chamadas aqui – não contariam com a participação do Exército (como ocorre na versão carioca), mas com as polícias Militar e Civil do estado.

"A maior preocupação é a criminalidade e temos números alarmantes no Paraná e que nos envergonham. Então a intenção é implantar algo similar à UPP, com as nossas peculiaridades", disse Richa.

De acordo com o governador, o modelo paranaense não terá a participação do Exército, já que, na avaliação de Richa, "as polícias Civil e Militar dão conta". As UPSs devem ser implantadas primeiramente em Curitiba e região metropolitana, antes de serem expandidas para todo o estado. "Já estamos identificando, com a inteligência da polícia, as áreas tomadas por criminosos", complementou.

O delegado Rubens Recalcatti, chefe da Delegacia de Homicídios (DH), classifica a importação das unidades pacificadoras ao Paraná como uma medida importante. De acordo com o delegado, a presença constante da polícia em zonas de grande incidência de crimes e onde há facções ajudaria a coibir as ocorrências e aproximaria os policiais da comunidade.

"Se implantássemos uma UPP no Parolin [em Curitiba], por exemplo, a polícia estaria perto da comunidade e poderia minimizar as mortes que estão ocorrendo por causa da guerra pelo comando do bairro. Com certeza seria interessante para a polícia e para a população", avaliou.

Não serão UPPs

Em setembro, quando ainda não comandava a PM, o coronel Roberson Bondaruk havia adiantado que o modelo paranaense não está baseado nas UPPs cariocas e que a polícia e secretarias municipais buscariam uma forma diferente de trabalhar em bolsões de pobreza. De acordo com Bondaruk, a ideia era que as regiões se tornassem espaços sustentáveis de segurança, para que, em longo prazo, não houvesse necessidade de "intervenções agudas" da polícia. Na entrevista coletiva de troca de comando da PM, o secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, também havia negado que o projeto paranaense seria embasado no modelo implantado no Rio de Janeiro.

Áreas

Um levantamento realizado em dezembro de 2010 pela Gazeta do Povo, com base em estatísticas criminais e estudos de campo, identificou 24 áreas no Paraná que, à época, eram controladas pelo tráfico de drogas. Nove delas, ficam na capital: Bracatinga/Jd. Kosmos, Vila Torres, Vila Autódromo, Nossa Senhora da Luz, Parolin, Vila Camargo, Morro do Piolho, Vila Trindade (conhecida também como Vila São Domingo ou São João Del Rey) e Vila Icaraí/Vila Reno, que integram o bolsão Audi União.

Neste ano, outros pontos da capital se mostraram vulneráveis a atuação de pequenos grupos, que disputavam o controle de espaços urbanos e de pontos de comercialização de drogas. Neste contexto, Vila Sabará, na Cidade Industrial (CIC), entrou em evidência no segundo semestre de 2011, depois que três gangues formadas por adolescentes começaram a se enfrentar. Em dois meses, cinco jovens morreram e seis pessoas foram baleadas. Entre as vítimas fatais, um menino de 11 anos, atingido por uma bala perdida.

Outro bairro que chegou a ser sondado pela Sesp como candidato e receber a primeira unidade de pacificação foi o Uberaba. A localidade este, ao longo do ano, entre os cinco bairros mais violentos da capital e com alto índice de homicídios. Um trabalho intenso realizado pela DH localizou mais de 40 pessoas, envolvidas com crimes.

No fim do ano passado e no início de 2012, o Parolin voltou a despontar no noticiário policial, com o enfrentamento entre dois grupos, após uma aparente trégua. Em pouco mais de um mês, três supostos integrantes das facções foram assassinados. Duas crianças foram atingidas por balas perdidas.

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