
Sete meses depois do assassinato da menina Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, de 9 anos, os usuários que frequentam a Rodoferroviária de Curitiba passam a ter os passos vigiados por câmeras de segurança. Na madrugada do dia 5 de novembro de 2008 o corpo de Rachel foi encontrado dentro de uma mala abandonada na rodoviária , crime que chocou o país. Na época, a falta de câmeras de segurança suficientes no local foi apontada como um dos empecilhos para elucidar o caso. Até agora, ninguém foi preso.
Após o crime, as imagens colhidas pela polícia, somente do lado externo da rodoviária, não ajudaram nas investigações. Logo depois do caso, a prefeitura de Curitiba prometeu uma licitação no início de janeiro deste ano para a instalação de câmeras de segurança, mas isso nem chegou a ser feito. O estudo original foi mudado e a Urbs (Urbanização de Curitiba) optou por utilizar um projeto desenvolvido pelo Instituto Curitiba de Informática (ICI). O sistema é similar aos já utilizados nas câmeras de segurança instaladas na Rua 15 de Novembro, Largo da Ordem, Parque Barigüí e nas Ruas da Cidadania.
A promessa era de que fossem instaladas 50 câmeras de segurança nas áreas internas e externas da rodoferroviária. No entanto, até agora são 36 câmeras. Destas, a maioria está instalada, segundo o diretor de Desenvolvimento da Urbs, Rubico Camargo, e outras estão em teste. "Já temos a segurança com a filmagem de todas as pessoas que entram e saem da rodoviária", disse Camargo. No entanto, a reportagem da Gazeta do Povo encontrou uma situação diferente da apontada por Camargo.
Tilt
Havia nesta tarde pelo menos dois pontos cegos nos acessos à rodoviária - um na porta de vidro ao lado de um quiosque de produtos turísticos e outro na entrada ao lado do bicicletário. Além disso, apenas duas câmeras internas estavam filmando e enviando os dados para a tela de monitoramento - uma delas estava virada para uma parede, sem nenhuma utilidade prática.
Durante a demonstração, o computador travou duas vezes - o sistema operacional se ofereceu a enviar relatórios de erros para o fabricante, mas o usuário recusou. Camargo afirma que os "bugs" devem ser corrigidos até o final do mês, quando o circuito interno de gravação estará concluído.
Segundo Camargo, todas as câmeras são facilmente visíveis. A reportagem percorreu o corredor de embarque e desembarque de ônibus estaduais, mas não encontrou nenhuma. No local onde foi encontrado o corpo de Rachel, a única diferença eram a instalação de nove cadeiras de plástico.
As seis câmeras externas estão em pleno funcionamento. "São equipamentos com recursos modernos, é possível aproximar as pessoas usar um foco de alto alcance. A Polícia Militar (PM) já tem acesso às imagens desde a última semana", garantiu o diretor. As câmeras guardarão até 30 dias de filmagens.
As câmeras externas são totalmente móveis, com possibilidade de girar 360 graus. Algumas das internas poderão se mover 45 graus.
Ao ser questionado se a diminuição do número de câmeras - de 50 para 36 - não vai prejudicar o projeto de segurança, Rubico Camargo afirmou que o número ainda será estudado. "Ainda não dá para saber qual será o número final de câmeras. Depois que todas estiverem em funcionamento vamos saber se alguma parte da rodoviária ficou descoberta. Dessa forma faremos os ajustes finais", disse. Ele antecipou que deve solicitar uma câmera do bicicletário da rodoviária. "Queremos incentivar os funcionários a usarem bicicletas, mas surgiram temores de furtos".
O diretor explicou que foram colocados avisos externos na rodoviária avisando os usuários sobre as filmagens. "Acreditamos que as ocorrências de furto e roubo devam diminuir bastante", definiu, destacando que o número, atualmente, é baixo.
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