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Após três meses de investigação, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a polícia de São Paulo prendeu nesta quarta-feira (2) um empresário suspeito de fabricar clandestinamente produtos médico-hospitalares na Zona Sul da capital. O total de válvulas, tubos e anéis cirúrgicos, feitos com matéria-prima reciclada e sem registro de origem, chega a quase uma tonelada.

Luiz Martinez Idaldo Júnior, de 36 anos, identificado pela polícia como dono da New Life Tubos e Conexões Ltda, foi indiciado sob acusação de crime contra a saúde pública. "A fábrica é mais suja do que uma oficina mecânica", contou o delegado Anderson Pires Giampaoli, da 2ª Delegacia da Saúde Pública, que participou da operação. Segundo ele, um outro homem também foi indiciado pelo mesmo crime. Ele era um dos compradores de produtos da fábrica. O advogado de Idaldo Júnior disse que não comentará o caso.

Giampaoli contou que o empresário distribuía o material fabricado no bairro do Socorro, onde ocorreu a prisão dele, "em todo o território nacional" e no exterior. "Nova Zelândia, Alemanha, Paraguai e Venezuela", citou o delegado, que disse estar investigando outros possíveis compradores e hospitais que recebiam o material.

"Ele (empresário) não tinha preocupação com as condições de higiene. Encontramos na fábrica material reciclado e isso não pode ter em produtos invasivos, como esses, que têm contato com a pele. É um risco à saúde pública", ressaltou Giampaoli.

Os tubos, válvulas e anéis eram usados, por exemplo, na traqueia ou até mesmo em cirurgias de redução de estômago. Adílson Bezerra, chefe do setor de inteligência da Anvisa, alertou para o perigo de quem usou esses produtos. "Vai desde uma simples alergia até a morte do paciente. A válvula para traqueostomia tem uma mola. Se ela não estiver regulada corretamente, pode matar a pessoa", explicou.

De acordo com Bezerra, na fábrica havia mofo e poeira. "Ele (empresário) não existia para os órgãos sanitários." De acordo com ele, a empresa de Idaldo Júnior não tinha autorização de funcionamento na Anvisa nem alvará sanitário expedido pelo estado de São Paulo.

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