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O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, prometeu em fevereiro medidas de socorro ao agronegócio, na forma de uma nova "MP do bem", ainda não editada. Mas o secretário de Política Agrícola Ivan Wedekin acaba de divulgar um conteúdo bem pouco animador. Ao invés de ampliar prazos de financiamento de safra e conceder mais recursos para o plantio de inverno, conforme reivindicações entregues ao ministro na semana passada por representantes da agroindústria, a medida provisória que está sendo elaborada traz soluções principalmente para problemas estruturais, que só teriam reflexos no longo prazo.

O conteúdo da MP deve tratar apenas da redução dos juros cobrados nos financiamentos, apesar de o principal assunto do documento entregue ao ministro pelo presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, ser prazo para pagamento de empréstimos e facilitação para novos. "Não deixa de ser uma condição importantíssima para auxiliar o produtor rural", avalia Koslovski. "Mas precisamos é de mais recursos." Os juros que incidem sobre o financiamento do governo para custeio de safra já são especiais, de 8,75% ao ano, mas o volume de crédito rural é insuficiente. "Os bancos oferecem linhas de financiamento mistas, o que eleva as taxas no Paraná para entre 18% e 20%", reclama.

De acordo com Wedekin, o governo cogita usar recursos captados na caderneta de poupança pelas instituições financeiras privadas para oferecer empréstimos ao setor. Porém, a necessidade do produtor é por mais crédito e renegociações imediatas, para enfrentar o prejuízo acumulado com a produção de trigo, milho e soja há três safras, período marcado por forte estiagem e perda de rendimento com a queda do dólar, sem falar na febre aftosa que reapareceu no Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Entre as medidas entregues ao ministério e que possivelmente não entrarão na MP estão a prorrogação dos empréstimos da safra passada e das parcelas de financiamentos feitos para a safra que está sendo colhida, que já começam a vencer. "O ideal seria alongar o pagamento para um período que não comprometa a renda do produtor, como dez anos", defende o presidente da Ocepar. Para compensar as perdas, o setor também quer a agilização das liberações nos próximos dois meses de verbas do Proagro, programa do governo que oferece seguro para fiinanciamentos de safra e é considerado "frustrante" por Koslovski. O que se discute no Ministério é apenas baratear o custo dos seguros.

Além disso, quem está colhendo agora não quer vender, pois os preços das commodities seguem em baixa. E a única forma de adiar a comercialização é estocar o produto, o que também custa caro. "O orçamento liberado pelo ministério para empréstimos de estocagem foi de R$ 650 milhões, mas nós precisamos de mais R$ 2,2 bilhões", diz Koslovski.

Outras medidas estruturais que devem ser anunciadas nos próximos dias são alterações nos impostos (PIS/Cofins e ICMS), alíquotas de importação de insumos e investimentos em infra-estrutura, como melhorias em estradas e portos. O conteúdo de ambas ainda não foi divulgado, mas os produtores há tempos reinvindicam a desoneração total sobre a produção de alimentos.

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