A família de Regiane Cava, 29 anos, conhece bem os problemas da falta de saneamento, coleta de lixo e adensamento excessivo. Em um mesmo terreno moram 13 pessoas, divididas em duas casas, na Vila 23 de Agosto, no Osternack. Ela mora no local há 16 anos e reparte o espaço com a irmã e a cunhada. Além delas, há mais sete crianças de até 12 anos que têm como companhia as tábuas de madeira velha que formam as paredes das casas e a água do esgoto que brota no quintal. "A rede de esgoto está aqui só há cinco anos, mas dá muito problema. Quase toda semana entope e os restos ficam aqui no quintal", conta.
A região tem muitas valetas que foram manilhadas pela prefeitura ou fechadas pela própria população e o sistema não dá conta de todas as casas. Aliás, a rede só vai até uma parte da rua, depois os dejetos são jogados em valetas ao céu aberto, que inundam as ruas e casas quando chove. "Durante mais de dez anos não tínhamos água ou esgoto, só uma torneira comunitária", desabafa Regiane. As vizinhas do fim da rua ainda não tiveram a sorte de contar com saneamento básico e moradia adequada. "Passa uma valeta atrás da minha casa. A prefeitura veio desentupir e jogou tudo no meu terreno. Não agüentamos mais o cheiro de esgoto", diz Zenilda Aparecida de Almeida.
O mau cheiro também está entre as principais reclamações da comunidade. "Já passei muito mal e tive que tomar remédio. Tenho uma filha que está grávida de quatro meses. Ela não quer ter o bebê do lado de uma valeta que transborda", diz Sueli Pereira. Os moradores fazem coro para dizer que as crianças sempre ficam doentes em função da falta de condições mínimas para viver. "Elas têm diarréia e dor de cabeça quase toda semana", afirma Zenilda.
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