Começou na manhã desta terça-feira (14), na comarca de Laranjeiras do Sul, Sudoeste do Paraná, e deve prosseguir até a quarta-feira (15), o júri popular dos acusados de matar dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em 16 de janeiro de 1997, em uma fazenda em Rio Bonito do Iguaçu, região Sudoeste.
Treze anos depois de crime e após oito adiamentos do julgamento, Antoninho Valdecir Somensi, 57 anos, e Jorge Dobeski da Silva, 69 anos, vão ouvir a condenação elaborada pelo Conselho de Sentença.
A equipe de jurados que vai decidir o caso é formada por quatro homens e três mulheres, que por cerca das 20 horas desta terça-feira (14) ouviram as testemunhas de defesa e acusação, assistiram à reconstituição do caso e a leitura do processo. A expectativa é que a decisão só seja divulgada nesta quarta. Até o começo da noite desta terça, o fórum de Laranjeiras do Sul ainda não havia decidido se haveria uma pausa durante o julgamento ou não.
Pelo menos cem pessoas a maioria integrantes do MST foram ao fórum para acompanhar o julgamento. José das Neves, pai do adolescente morto na época, disse que espera o fim do caso, independente da condenação ou não. "Demorou muito. Não carecia isso. Sangue não tem preço, não queremos dinheiro, queremos o fim do latifúndio", afirmou.
O advogado Fernando Prioste, da Terra de Direitos, diz que a demora em julgar os suspeitos diminui a possibilidade de condenação. Silva, um dos réus, completará 70 anos em janeiro, o que poderá facilitar a absolvição. "Justiça tardia, não é efetiva", relata Prioste.
O crime
Os sem-terra Vanderlei das Neves,16 anos, José Alves dos Santos, 34 anos, foram mortos a tiros no dia 16 de janeiro de 1997 no acampamento Pinhal Ralo, na Fazenda Giacometi Marodin, atual Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu. Outros quatro integrantes do MST ficaram feridos no atentado enquanto aguardavam um trator que os levariam a outra área do acampamento para os trabalhos do dia.
A área onde ocorreu o crime foi invadida por aproximadamente 3 mil famílias no dia 17 de abril de 1996, na maior ocupação de terras já realizada pelo MST no país. Atualmente, o local é um assentamento definitivo. Os dois sem-terra foram assassinados no mesmo dia em que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, desapropriou parte da fazenda.
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