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| Foto: Rogerio Machado/Gazeta do Povo/ Arquivo

Se tivessem sido procurados esta semana, os quatro gatos pretos que esperam por adoção no projeto Miaudota Felinos, em Curitiba, teriam de esperar pelo menos até domingo (15) para chegar em seus novos lares. Isso porque ONGs, projetos e protetores autônomos da capital e de várias outras cidades do país freiam o processo de adoção de bichanos quando há coincidência de datas, para evitar que eles sejam sacrificados em rituais que seriam usualmente praticados em sextas-feiras 13.

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“Nossos gatos são anunciados, mas só entregamos na casa do adotante após datas de risco, como sextas 13, solstícios, ou mesmo o mês de outubro”, explicou uma das integrantes do Miaudota. “Como doamos gatos castrados, eles não servem para rituais. Mas, ainda assim, esperamos as datas passarem porque o seguro morreu de velho”, disse ela, em nome de todo os participantes do projeto.

O Fórum de Defesa dos Direitos dos Animais de Curitiba ressalta que, embora não existam dados que comprovem o sacrifício de gatos nestas datas, relatos da prática são comuns, o que já é o suficiente para pôr em alerta quem poderia doar estes animais.

“Como medida de prevenção é importante evitar que eles sejam doados em véspera de datas assim. Animais não devem ser usados em rituais. Temos uma constituição que garante liberdade de culto às pessoas, mas é preciso conscientizar de que os bichos não podem fazer parte disto”, defende Laelia Tonhozi, do Fórum de Defesa dos Direitos dos Animais de Curitiba.

Em abril deste ano, a Câmara Federal aprovou um projeto de lei que torna crime atentar contra a integridade física ou mental de cães e gatos, com detenção que pode chegar até quatro anos de prisão. Se aprovada pelo Senado, será a primeira lei que prevê punição específica para agressão contra estes animais.

Lúcia Verdério, uma das responsáveis pelo grupo de proteção Beco da Esperança, de Curitiba, diz que o projeto também cessa a doação perto de datas consideradas perigosas. “Só doamos para quem conhecemos muito bem. E não restringimos apenas a gatos pretos, porque para algumas crenças não importa a cor”.

Outra integrante do grupo, Helena Lemos Coelho, conta que o Beco da Esperança adotou posturas ainda mais rígidas depois de 2011, quando descobriu que uma gata, adotada ainda prenha, foi usada em rituais de magia com seus filhotes. O caso gerou um processo criminal, que acabou sendo arquivado. A pessoa que seria responsável pelos maus tratos só teve de “doar” R$ 500 a uma entidade protetora de animais.

“O que mais leva a gente a duvidar da adoção de gatos pretos nesta época é que eles ficam muito tempo esperando para serem adotados. É como adoção de criança: eles querem gatos branquinhos de olhos claros. Aí nos meses de agosto e outubro, perto do halloween, e de sextas-feiras 13, começa a procura maior por gato preto. Não tem como não duvidar, né”, constata Lúcia.

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