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O Sindicato dos Vigilantes de Londrina protocolou na quarta-feira (03), na Corregedoria da Polícia Civil, um pedido de investigação da conduta do policial Carlos Roberto Almeida e de três agentes que prenderam na terça-feira o vigilante e o gerente da agência Santander do calçadão.

Almeida deu voz de prisão ao vigilante Maurílio Aparecido Fernandes, após ser barrado pela porta automática da agência, que detectou a arma. Fernandes pediu a identificação policial a Almeida, que não aceitou esperar a verificação. O policial chamou reforço de colegas da Polícia Civil, entrou na agência à força e, de arma em punho, algemou o vigilante e deteve o gerente.

O secretário-geral do sindicato, Sérgio Guedes, classificou a ação como "covarde". "Claramente houve abuso de poder. A porta é para a segurança de todos. A carteira apresentada pelo policial estava velha e gerou desconfiança. O que o vigilante fez foi chamar o gerente para verificar. O policial ia entrar no banco com a arma sem problemas", afirma. "Era só esperar." Guedes afirma que o vigilante deve acionar o Estado para ser indenizado e defendeu o afastamento temporário dos policiais.

Na quarta-feira, o vigilante trabalhou normalmente, mas não concedeu entrevistas, impedido pelo Santander. O gerente do banco também não foi autorizado a falar – mas confirmou à TV Coroados/RPC que o policial não é correntista da agência e iria pagar uma conta pessoal. A assessoria do Santander não quis se pronunciar.

O corregedor da Polícia Civil, delegado Eduardo Carula, declarou ontem que o pedido de investigação será enviado à Corregedoria em Curitiba, que determinará a abertura do procedimento. Ele não quis opinar sobre a conduta dos agentes: "Não faço juízo preliminar".

Sérgio Barroso, delegado-chefe da Polícia Civil em Londrina, reafirmou ontem que o policial "foi constrangido e humilhado" pelo vigilante ao ser barrado. Segundo Barroso, testemunhas que presenciaram o caso não foram ouvidas porque, em um Termo Circunstanciado de Infração Penal (Tecip), "só as partes são ouvidas". Barroso atestou que o Sindicato dos Vigilantes pode responder por denunciação caluniosa "se a investigação não apontar responsabilidade do policial".

"Foi uma injustiça", diz testemunha

"Perto das 15h30 eu entrava no banco logo atrás do policial. O vigilante não conseguiu visualizar a identidade funcional dele pelo vidro e pediu para ver de perto, pois estava armado. Alterado e aos gritos, o policial se negou e disse: ‘se encostar na minha identidade prendo agora’". A declaração é da cabeleireira Maria Cristiane Souza Oliveira, 28 anos, que presenciou o caso. Segundo ela, "enquanto o gerente tentava verificar, o policial ficou ameaçando e ligou para a polícia"

"Rapidamente chegaram mais três policiais. Em nenhum momento o vigilante faltou com o respeito – já o policial estava muito alterado e gritando porque não queria esperar", contou ela à reportagem. "Quando entraram, os quatro apontaram a arma para o vigilante, o Roberto [Carlos Roberto Almeida] tirou as algemas e o prendeu. Outro empurrou uma vigilante e tomou dela o controle da porta."

A cabeleireira foi até a 10ª Subdivisão Policial, mas diz que o delegado-operacional Lanevilton Moreira não quis ouvi-la. "O delegado não quis pegar o meu depoimento. Na delegacia, o absurdo foi ver que todos os outros policiais, ao saberem o que aconteceu, foram cumprimentar o Roberto pela ação." O vigilante e o gerente do banco foram autuados, respectivamente, por desobediência e resistência.

"A verdade é que colocou em risco a vida de muitos clientes na agência ao entrar com a arma apontada para o guarda. Todos os clientes protestaram e ficaram indignados. Se é tão alterado, a meu ver não poderia estar na Polícia", disse a cabeleireira.

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