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Treinamentos do grupo são disputados inclusive por policiais de outros estados, com fila de espera | Antônio Costa/Gazeta do Povo
Treinamentos do grupo são disputados inclusive por policiais de outros estados, com fila de espera| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Como proceder

Segundo o delegado titular do Grupo Tigre, Riad Braga Farhat, a família e a vítima podem ajudar o trabalho da polícia em caso de sequestro. Saiba o que fazer:

Família

- Informe imediatamente a polícia sobre o sequestro;

- Escolha um interlocutor que seja calmo e consiga manter a tranquilidade quando falar com os bandidos;

- Prepare a família para um processo longo. Sequestros costumam terminar com a volta da vítima, mas isso pode levar bastante tempo.

Vítima

- Não tente fugir ou reagir;

- Responda tudo que o sequestrador lhe perguntar;

- Mantenha a calma;

- Seja direto e firme nas respostas, mas não desafie ou provoque o criminoso.

Na última quarta-feira, um garoto de 15 anos foi sequestrado em Curitiba pela ex-diarista de sua casa e ficou 48 horas no porta-malas de um carro em São José dos Pinhais. O sequestro chegou ao fim na sexta-feira, com a liberação do garoto, sem efetivação de pagamento e com a prisão das duas sequestradoras por policiais do Grupo Tático Integrado de Repressões Especiais (Tigre). Desde que foi criado, em 1990, para atender casos de sequestro e operações de campo de alto risco, o Tigre sempre conseguiu resgatar as vítimas com vida. "Nunca perdemos ninguém e nunca houve pagamento de um centavo quando entramos em ação", diz o delegado titular do grupo, Riad Braga Farhat.

Assim como na ação de sexta-feira, a regra é a prisão dos se­­questradores. "Nosso objetivo é libertar as vítimas e deter os sequestradores. Lidamos com situações limite em que, muitas vezes, temos bandidos armados – bem armados – do outro lado. Mas, na maioria das vezes, conseguimos resolver o caso sem ferir o sequestrador. Conse­guimos fazer 15 operações seguidas em que, além da vítima, o criminoso também saiu ileso", comemora.

A excelência no grupo de elite da polícia começa no processo de recrutamento dos novos membros. "O policial não pode ter nada que pese contra a integridade moral dele. Vasculhamos a vida e o histórico dele na polícia", diz Farhat. Passando por esse pente-fino e havendo vaga no Tigre, o policial passa por um teste físico. Se aprovado, ele passa a participar das operações de treinamento e do processo de investigação. A atuação nas operações táticas só vem em segundo momento. "Para isso, ele precisa participar do nosso curso de um mês com uma carga horária que beira as 15 horas diárias", explica Farhat. Dentro do Tigre, a cobrança e a avaliação continuam. "Regularmente temos avaliações. Tanto investigadores quanto delegados podem ser afastados caso não estejam correspondendo", diz o delegado.

Referência

Além da atuação tática (invasão a cativeiros ou qualquer local em que haja reféns), o Grupo Tigre também faz investigações. "Nesse caso do garoto, por exemplo, a família não tinha a mínima ideia de quem poderia ser o autor do sequestro. Começamos o trabalho praticamente sem nenhum indício e em dois dias chegamos aos autores", explica o delegado.

O trabalho da equipe faz com que o treinamento do Tigre seja um dos mais disputados do Brasil. Nos treinamentos são oferecidas 10 vagas para policiais do Paraná e 10 para policiais de outros estados. Atualmente há uma fila de espera de cerca de 500 policiais de outras localidades para participar do treinamento. A atuação rende elogios também de ONGs que lidam com a questão da violência urbana. "O Tigre é uma referência dentro do Brasil em operações complexas e arriscadas. É um grupo extremamente eficente, sem ser violento", afirma Benê Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil, associação civil com foco na segurança pública.

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