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Lá se vão quase três décadas desde aquela tarde de verão em que entrei pela primeira vez na redação da Gazeta do Povo para trabalhar como repórter. Nesses anos todos, nossa labuta incansável para servir a população foi marcada por grandes transformações nos jornais e no ofício de informar com absoluto respeito à ética.

Entre as mudanças relevantes ocorridas na Gazeta nesse período é interessante destacar duas de grande impacto.

A primeira está relacionada às novas tecnologias. Assim que a década de 90 começou, aposentamos a barulhenta – e adorável – máquina de escrever e passamos a digitar em computadores. Os textos deixaram de ser transmitidos por telex e hoje viajam em bits pela internet. As fotos, que tinham de ser reveladas em negativo e copiadas em papel antes de serem transmitidas por telefoto, viraram imagens em câmeras digitais e enviadas instantaneamente. Não usamos mais o fax, tão necessário no fim do milênio para a transmissão de dados. Os gravadores de fita cassete – pesados e incômodos, mas indispensáveis – foram substituídos por diminutos aparelhos digitais capazes de conexão com vários outros dispositivos.

A revolução tecnológica permitiu aos jornais ampliar as suas plataformas de comunicação. Hoje não é somente o papel. O conteúdo que produzimos está nos computadores, nos celulares, tablets e telões. O jornal tradicional também se expandiu, ganhando novos cadernos, revistas e guias para ajudar as pessoas. Chegamos a um número de leitores jamais atingido antes.

A segunda mudança importante se deu na forma de fazer jornalismo. Antes da popularização da internet, textos, fotos, charges e outras informações só chegavam ao leitor muitas horas depois ou no dia seguinte. Agora, temos a instantaneidade da web e acrescentamos às nossas matérias áudio, vídeos e infográficos, só para citar alguns recursos.

Ao mesmo tempo em que enfrentamos o desafio de informar em tempo real pela rede mundial, temos a responsabilidade de produzir e divulgar por meio do papel conteúdo aprofundado, análise, opinião, humor e arte. O leitor do impresso dos dias de hoje não busca apenas se informar. As pessoas querem ir além do que já foi divulgado na tevê, rádio e web.

Se as grandes transformações contribuíram para o que a Gazeta do Povo é hoje, alguns princípios não sofreram alteração e não podem mudar de rumo. Respeito à dignidade das pessoas, atuação voltada ao bem da sociedade, defesa da liberdade de expressão e reforço da democracia – com pluralidade de opiniões, acesso amplo à informação, educação, cultura e troca de ideias – devem ser algumas das nossas premissas permanentes.

Célio Martins, editor da primeira página da Gazeta do Povo.

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