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Mitos culturais

Combate à obesidade infantil exige mudança de comportamento

Segundo os especialistas, os pais precisam mudar aquela cultura de que "criança gordinha é bonita e saudável" ou que ela precisa comer bastante para "ficar forte". Exigir que a criança coma tudo que está no prato em troca de presentes ou convencê-la a comer a mesma quantidade que um adulto provoca uma ingestão muito além do que seria necessário e ela perde a sensação de saciedade.

"Respeite a vontade da criança porque ela, melhor que ninguém, sabe quanto é suficiente para deixá-la satisfeita", recomenda a professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo Telma Gebara.

Outra ilusão que os pais devem abandonar é que "se ela não comer salgadinhos, não vai comer nada". Se ela comeu pouco no almoço, pode ter certeza que, quando tiver fome, vai comer novamente. "Mas ela precisa esperar a próxima refeição. Não adianta comer pouco no almoço e dali uma hora a mãe oferecer uma sobremesa. Ela precisa sentir fome e ver que o arroz, feijão, carne e salada é a verdadeira refeição, não os salgadinhos."

Vilão

Os refrigerantes são os grandes vilões da obesidade infantil. Ricos em açúcar, sódio, conservantes e corantes, e pobres em fibras e nutrientes benéficos, eles são ineficientes para hidratar o corpo e altamente calóricos.

Ponha em prática

Veja sugestões dos especialistas para combater a obesidade entre as crianças:

Seja exemplo

• Não adianta impor que a criança precisa comer frutas todos os dias ou fazer exercícios físicos regularmente se você não tem esses hábitos. As regras precisam valer para toda a família e pode apostar: se desde bebê vir os pais comendo frutas e fazendo caminhadas, dificilmente vai fazer escolhas diferentes quando crescer.

Diga "não"

• Hoje, as crianças exercem muito poder nas decisões dos pais, mas é preciso impor limites. Se você permitir, é claro que a criança só vai comer biscoitos recheados, salgadinhos, pizza e guloseimas e tomar refrigerante todos os dias. Por isso, não compre nem ofereça esse tipo de produto.

Faça acordos

• Estabeleça dias, horários e quantidades para o consumo de refrigerantes, salgadinhos, produtos industrializados e guloseimas. Mesmo que as crianças insistam, seja firme e só fuja do roteiro em casos muito especiais.

Incentive as brincadeiras

• Reserve um tempo todos os dias para estimular atividades como correr, pular corda e andar de bicicleta com seu filhos. Aproveite esse momento, isso fortalece ainda mais o vínculo com a criança.

Tevê e computador

• Limite os horários de tevê e computador – uma hora em cada um por dia está ótimo – e incentive a criança a realizar atividades que exijam esforço físico.

A cena é de chocar. Uma mãe comenta que desde que foi diagnosticado com pressão alta devido à obesidade, o filho, de 8 anos, leva frutas e sucos naturais de lanche para a escola. O problema é que raramente ele consome esses produtos. Visivelmente constrangido, o menino olha para a câmera e assume: costuma oferecer borrachas e lápis para seus colegas em troca de salgadinhos, refrigerantes e guloseimas.

Essa e outras cenas igualmente impactantes fazem parte do documentário brasileiro Muito Além do Peso, dirigido por Estela Renner, que levanta a discussão sobre o aumento perigoso da obesidade entre as crianças. O filme retrata a angústia de um problema que ocorre em lares de todo o mundo.

As consequências formam uma lista aterrorizante. Crianças obesas têm maior pro­pensão a desenvolver problemas ortopédicos, endocrinológicos, pulmonares, neurológicos, diabete, hipertensão, colesterol alto e depressão. "É assustador. Não é raro encontrar crianças de 8 anos com diabete tipo 2, doença que antes só era diagnosticada em pessoas com mais de 40 anos", explica a professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo (UP) Telma Gebara.

A preocupação é que, doentes cada vez mais cedo, essas crianças irão formar uma geração de adultos com saúde e qualidade de vida comprometidas e uma expectativa de vida menor que a dos pais. "Quanto antes a doença começa, mais cedo as complicações aparecem e podem gerar uma morte precoce", comenta a médica endocrinologista Gabriela de Carvalho Kraemer, do Hospital Pequeno Príncipe.

O papel dos pais

Para evitar o problema, não há como fugir de uma velha fórmula cada vez menos popular entre os pequenos: acabar com o sedentarismo, evitar horas e horas alternando entre assistir à tevê e usar o computador, promover as brincadeiras ao ar livre e estabelecer uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes, água, cereais integrais e carnes magras, e pobre em alimentos industrializados, com gordura animal, fast food e fontes de sódio e açúcar.

De olho nisso, o papel dos pais é crucial. "Na primeira infância, quem compra e apresenta os alimentos para as crianças são os pais e eles precisam controlar a dieta desde o início, estimulando o paladar para escolhas saudáveis. É comum ver mães que oferecem refrigerante na mamadeira para bebês ou dão biscoitos recheados para crianças com menos de um ano, o que é altamente prejudicial", diz Telma.

Dê sua opiniãoQue medidas você usa para evitar a obesidade infantil? Como você controla a alimentação do seu filho?

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