Uma infância comum, longe da fama

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Ilana tinha apenas 1 ano quando o pai, Jaime Lerner, foi eleito prefeito de Curitiba pela primeira vez, na década de 70. Entre os compromissos políticos do pai, que foi prefeito da capital paranaense por três vezes e governador do Paraná por dois mandatos, Ilana mantinha hábitos comuns à maioria das famílias brasileiras: almoçava e passeava com o pai com frequência.

Embora a infância e a adolescência tenham sido saudáveis, o que lhe incomodava era a estranheza das pessoas com relação à sua posição. Certa vez, depois de ficar duas horas esperando na fila para fazer o título de eleitor no cartório eleitoral, a atendente não mediu as palavras e soltou: "Isso é a filha do Jaime Lerner?" após anotar os dados pessoais de Ilana. "Acho que ela esperava uma princesa, carruagem, sei lá. A coitada ficou decepcionada comigo", brinca.

Saudades

O deputado federal Gustavo Fruet, filho do o ex-prefeito de Curitiba Maurício Fruet, recorda com saudade o tempo em que o pai trabalhava em jornal, rádio e televisão, projetando-se depois na política. "Não me lembro de muito assédio. O pai nunca mudou, nunca se encantou, nem quando foi prefeito – o auge da sua popularidade."

Os filhos do prefeito Beto Richa mantêm alguns hábitos passados pelo avô José Richa – político e ex-governador do Paraná. "A gente ainda almoça domingo no Restaurante Madalosso, em Santa Felicidade, uma tradição de família", diz Marcelo Richa, 23 anos, o primogênito. Ele revela ainda que nunca recebeu uma orientação especial dos pais. "Mas eles sempre dizem: ‘vocês precisam se cuidar muito, porque o avô construiu uma imagem muito importante.’"

O sobrenome famoso não pesa apenas para filhos de chefes de estado. A jornalista Áurea Leminski, 37 anos, filha do escritor e poeta Paulo Leminski, conta que o nome do pai sempre pesou, mas o assédio se tornou gradativo a partir dos seus 12 anos. "Nunca precisei de carro blindado, nem de esquema de segurança. Como ele era um intelectual, poucas pessoas sabiam quem era o Paulo Leminski." Na verdade, o estigma de ter pai famoso aumentou muito a partir da morte dele – quando ela tinha 18 anos. "Hoje, eu vou a um banco, fazer uma compra na loja, as pessoas me reconhecem e perguntam sobre ele." (JNB e MGS)