Calor e estiagem causam falta de água no Paraná

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O forte calor, que aumentou o consumo de água em todas as regiões do Paraná, e a estiagem que atingem o estado fizeram com que os reservatórios que abastecem diversas cidades diminuíssem o volume de água acumulado. Alguns municípios já enfrentam falta de água. Cianorte já passa por racionamento e outras cidades também podem ter rodízio, segundo a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).

De acordo com o gerente de processo de água da Sanepar, Agenor Zarpelon, algumas regiões do estado não apresentam chuvas regulares há cerca de 40 dias. "Esse fator, junto com a temperatura acima da média e o elevado consumo e desperdício deixam a situação preocupante". Segundo ele, é necessário que a chuva seja regular no estado nos próximos 40 dias para regularizar a situação.

Racionamento

Em Cianorte, no Noroeste, os moradores já enfrentam racionamento de água. O município foi dividido em dois grupos: uma parte dos imóveis fica sem água das 8h às 15h e outro das 15h às 22h. A cidade teve aumento de 30% no consumo em fevereiro.

Nas cidades de Londrina e Cambé, no Norte do Paraná, que também tiveram aumento de 30% no consumo, na quinta-feira (9), segundo a Sanepar, o índice de reservação de água no sistema integrado caiu de 85% para 47%. Segundo a empresa, há possibilidade de que os moradores que não possuem reservatórios em casa fiquem sem água por causa de obras emergenciais que a companhia realiza para melhorar o abastecimento na região. "Os rios que abastecem ainda estão com volume alto e estamos conseguindo contornar a situação. Se não voltar, podemos ter rodízio".

Em Santo Antônio da Platina, a queda na produção de água tratada foi de 25% e o consumo pela população aumentou em 14%. Segundo Zarpelon, isso ocorre por causa da diminuição da vazão do Ribeirão do Boi Pintado, que abastece o município. Os poços, que mantém 40% do fornecimento para o município, não têm sido suficientes para abastecer a região. "Algumas localidades estão sendo abastecidas com caminhões pipa". A cidade também já tem um plano de ação para implantar rodízio, caso não chova.

Outras cidades do Sudoeste, como os municípios próximos a Francisco Beltrão e Pato Branco, também estão com o abastecimento comprometido. Segundo a Sanepar, a região de Curitiba apresenta bons índices de armazenamento de água nos reservatórios e não há preocupação com o comprometimento do abastecimento.

Estiagem predomina

A seca no Paraná deve predominar na maioria das regiões do estado pelo menos até o final do mês de fevereiro, segundo o Instituto Tecnológico Simepar. A previsão é de que, mesmo com a chegada de uma frente fria que deve atuar no estado até sábado, o volume de chuvas não seja significativo a ponto de acabar com o problema da diminuição de produção de água tratada. "O sistema de nuvens não vai encontrar umidade alta, então as chuvas não vão se fortalecer", afirma o meteorologista do Simepar, Fernando Mendes.

Para os próximos dez dias, segundo o instituto, a ocorrência de chuvas ficará concentrada entre as regiões Noroeste, Centro Sul e Leste do estado. O índice de precipitação deve ser, entretanto, irregular, com chuvas esparsas. A região Oeste deve ficar com o tempo mais seco já a partir de sexta-feira (10).

O prognóstico para o final do mês é ainda mais preocupante. O tempo, segundo o Simepar, vai ficar mais seco no estado, inclusive na faixa leste. "As chuvas serão ainda mais irregulares e em menor intensidade", confirma Mendes.