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O vinho sempre foi considerado um deflagrador de enxaqueca, mas um estudo inédito revela que a bebida não é tão culpada como se pensava. A pesquisa, coordenada pelo neurologista brasileiro Abouch Krymchantowski e apresentada no 54.º Congresso Americano de Cefaleia, há duas semanas, mostra que apenas 33% das pessoas que tomam vinho frequentemente sentem dores de cabeça. E algumas variedades da bebida têm potencial maior de provocar os sintomas do que outras.

Krymchantowski selecionou 40 pacientes que estavam em tratamento para enxaqueca, que apreciavam vinho e relatavam crises após a ingestão da bebida. Cada um deles foi convidado a tomar meia garrafa de vinho das variedades Malbec, Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot, todos da América do Sul, e com intervalo mínimo de 4 dias entre eles – 33,4% relataram ter tido enxaqueca em todas as ocasiões; 54% sentiram-se mal em duas ocasiões; e 87% tiveram dor ao menos uma vez.

Ao comparar o efeito gatilho entre os pacientes que sentiram-se mal ao menos duas vezes depois de beber o vinho, o Tannat e o Malbec foram as variedades que desencadearam a enxaqueca com maior frequência, 51,7% e 48,2% respectivamente. Cabernet Sauvignon e Merlot causaram dor em menos de 30% das vezes em que foram ingeridos.

Krymchantowski explica que Tannat e Malbec são variedades que têm mais tanino, radicais flavonoides responsáveis pela cor escura do vinho. "É esse composto que faz o vinho ser saudável para o coração, mas também provoca uma mobilização súbita da serotonina que desencadeia a dor", diz.

A enxaqueca é uma doença que afeta neurotransmissores e atinge 15% da população brasileira, de acordo com estimativa da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

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