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Relembre o caso do Morro do Boi

O crime

- Os estudantes Monik Pegorari, de 23 anos, e Osíris Del Corso, 22, foram baleados no dia 31 de janeiro no Morro do Boi, na praia de Caiobá, em Matinhos. Monik ficou 18 horas no local do crime até ser resgatada pela polícia. Ela teria sido vítima de estupro. Osíris morreu na hora.

A primeira prisão

- No dia 17 de fevereiro, Juarez Ferreira Pinto, de 42 anos, foi detido pela polícia no balneário de Santa Terezinha, em Pontal do Paraná, com base em retrato falado feito com informações da vítima. Juarez alegou inocência desde o princípio.

Mudança de versão

- Quatro dias depois da prisão, a polícia mudou a versão. Em vez de homicídio, Juarez teria praticado um latrocínio (roubo seguido de morte). A afirmação da polícia se baseou em supostos R$ 90 que teriam desaparecido da roupa de Monik. O próprio delegado Luiz Alberto Cartaxo havia dito dias antes que nada havia sido roubado. Também houve um recuo na questão do suposto estupro que a jovem teria sido vítima. Na segunda versão, houve apenas atentado violento ao pudor, quando não há conjunção carnal.

Caso encerrado

- No dia 26 de fevereiro, a polícia anunciou o encerramento do caso e o indiciamento de Juarez. E revelou que duas provas apresentadas pela defesa haviam sido adulteradas: um caderno com anotações sobre a movimentação do caixa da empresa onde Juarez trabalhava e uma folha solta de papel, onde era controlada a quantidade de carrinhos de chope que saíam para a praia – Juarez trabalhava limpando os carrinhos. As datas dos dois documentos estavam rasuradas.

Nova prisão

- No dia 25 de junho, Paulo Delci Unfried foi preso por invadir uma casa e violentar uma mulher, em Matinhos. Ele confessou ter matado Osíris e baleado Monik. Com ele havia duas armas e o exame de balística confirmou que o tiro que matou o estudante partiu de uma delas.

Desmentido

- Em acareação com Monik e Juarez, Paulo Unfried voltou atrás e disse que foi forçado a confessar.

Soltura

– Na noite de 31 de julho, por falta de provas, a Justiça mandou soltar Paulo Unfried.

O homem que confessou ter cometido os crimes do Morro do Boi, o vigia Paulo Delci Unfried, está cada vez mais longe de ser considerado o culpado de ter matado Osiris del Corso e baleado e molestado Monik Pegorari de Lima no litoral paranaense. Um dos policiais que participa das investigações disse ontem, com a condição de não ser identificado, que a conclusão a que se chega é de que a prisão de Unfried, feita em flagrante, não se sustenta mais como inicialmente e, em relação aos demais crimes que pesavam contra ele (estupro e assalto a residências), já se tem dúvidas sobre a autoria real dos delitos. Por conta disso, Unfried foi solto na última sexta-feira, voltou ao litoral e, segundo vizinhos, está na casa do pai, em Matinhos.

Unfried também desmentiu a confissão do crime, alegando ter sido torturado pela polícia quando foi preso em 25 de junho. Juarez Ferreira Pinto volta a ser o principal foco das investigações e o único acusado de ter cometido os delitos: ele foi preso em fevereiro e, na próxima quinta-feira, terá julgado o pedido de habeas corpus.

Sem vacilar

Ontem, durante um encontro com a imprensa, os pais de Osiris falaram que o caso nunca teve uma reviravolta. "Acreditamos totalmente no reconhecimento da Monik, ou seja, na primeira e única versão. Ela nunca vacilou, como alguns andam dizendo. Seremos eternamente gratos por ela ter sobrevivido e, assim, conseguido reconhecer o assassino do nosso filho. Se não fosse assim, ele jamais teria sido descoberto", afirma a mãe de Osiris, Maria Zelia del Corso. Para o pai, Sergio del Corso, Unfried sempre foi inocente e caiu em uma armação. O advogado que representa as vítimas, Elias Mattar Assad, disse que espera do Ministério Público (MP) uma resposta sobre a possível armação e disse que uma arma – como o revólver calibre 38 encontrado com Unfried – pode facilmente "mudar de dono".

No encontro, os pais de Osiris passaram um vídeo que mostra o rapaz ainda criança, com 8 anos, brincando com a família no Morro do Boi. A intenção foi demonstrar que Osiris conhecia bem o local. Também foram apresentados os comprovantes de doação de sangue do casal, o que derrubaria a hipótese levantada em alguns veículos de comunicação de que ambos seriam usuários de drogas. Os familiares irão processar uma televisão e uma rádio por insinuarem que Monik teria medo de voltar atrás no reconhecimento e que ela estaria equivocada.

Além dos familiares das vítimas, a polícia e o próprio MP já afirmaram que Juarez Ferreira Pinto é o autor dos crimes. "Soltaram um criminoso e continuam mantendo preso um inocente", rebateu ontem o advogado de defesa de Juarez, Nilton Ribeiro. Ele aguarda o julgamento do habeas corpus e, caso o pedido seja negado, irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. O processo corre em segredo de Justiça, por isso não há notícias sobre o avanço das investigações.

Retorno

Desde que foi solto, na sexta-feira, o vigia Paulo Delci Unfried não voltou ao lar. Vizinhos afirmam que cerca de uma semana depois da prisão do rapaz, que em acareação com Juarez e Monik desmentiu a versão, familiares foram até a residência e retiraram todas suas roupas e móveis. Um novo caseiro já cuida do imóvel, localizado na praia de Caiobá, a menos de 200 metros do Morro do Boi. Pedindo para não ter seu nome identificado, o caseiro disse que a iniciativa foi da própria família de Unfried. Ele estaria na casa dos pais, em Matinhos, mas não foi localizado.

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