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Youtuber e estudante

Wilker Leão é condenado por acusar professor de “doutrinação comunista”

Youtuber Wilker Leão é condenado por calúnia contra professor da UnB e suspenso por gravações não autorizadas durante aulas.
Youtuber Wilker Leão é condenado por calúnia contra professor da UnB e suspenso por gravações não autorizadas durante aulas. (Foto: Reprodução/YouTube Wilker Leão)

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O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) condenou o estudante e youtuber Wilker Leão a 2 anos e 3 meses de detenção em regime aberto, por calúnia e difamação, contra o professor Estevam Thompson, da Universidade de Brasília (UnB).

Wilker teve a pena convertida em duas multas de 15 salários mínimos cada - uma destinada ao professor e a outra a uma entidade social escolhida pela Justiça. A Justiça condenou Wilker a pagar também 90 dias-multa e R$ 5 mil em honorários advocatícios.

Em suas redes sociais, o youtuber questionou a sentença e afirmou que a sua condenação é baseada no "grave crime de questionar professores" e "por emitir opinião contrária a dominância da esquerda".

A sentença, proferida pela 1ª Vara Criminal de Brasília, considerou seis vídeos publicados por Wilker durante as aulas da disciplina de História da África em 2024. Nas gravações, feitas sem autorização, o influenciador questiona o conteúdo e acusa o docente de “doutrinação comunista”.

A Justiça apontou que o youtuber violou a lei com a divulgação das imagens e áudios sem consentimento. Segundo a sentença, o estudante violou a liberdade de cátedra, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96), que garante autonomia pedagógica aos professores.

Em uma das gravações, o professor pede para que Wilker interrompa as filmagens. Ao recusar, o docente se retira da sala. Wilker ironiza, dizendo: “O senhor vai fugir de dar aula?” e “Aí, fugiu”.

Wilker Leão vai recorrer da decisão e acusa judiciário de perseguir a direita

Em suas redes sociais, na noite desta segunda-feira (11) o estudante classificou a sentença como “absurda”. Durante a transmissão, leu trechos da decisão judicial e apontou contradições na fundamentação jurídica. Wilker Leão é bacharel em Direito.

“Só por chamar um professor valentão de brabão você pode acabar na cadeia”, disse ele. Em outro momento, acrescentou: “Qualquer crítica contrária será tratada como ofensa criminosa.”

O estudante defende que suas críticas têm caráter político, não pessoal, e acusa o sistema judiciário de perseguir a direita. “Querem me usar como símbolo, aplicar o Direito penal simbólico para intimidar quem pensar em agir como eu”, afirmou. Ele informou que vai recorrer da decisão e manterá a produção de seus conteúdos.

UnB aplicou suspensão de 60 dias por gravações não autorizadas

O TJDFT avaliou que os seis vídeos tiveram caráter ofensivo e atingiram a honra objetiva do professor. O conteúdo serviu para autopromoção de Wilker, que “se colocou como paladino da defesa do direito dos alunos, em detrimento da imagem do professor”, afirma a sentença.

Além da condenação criminal, a UnB suspendeu Wilker por 60 dias das disciplinas de História da África e História do Brasil, em dezembro do ano passado. A instituição justificou que o estudante atrapalhava o andamento das aulas com gravações não autorizadas, prejudicando o ensino e os demais alunos.

Wilker Leão formou-se em Direito e reúne mais de dois milhões de seguidores. Ele é conhecido por conteúdos políticos e por confrontos públicos, como o episódio em que discutiu com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e teve o celular confiscado após questionamentos repetitivos.

Youtuber ficou conhecido por enfrentamentos

Wilker ganhou destaque ao confrontar políticos e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na saída do Palácio da Alvorada. Em agosto de 2022, ele se envolveu em uma confusão direta com o próprio Bolsonaro, quando o chamou de "tchutchuca do centrão".

No mês seguinte, em fevereiro de 2023, Wilker travou uma discussão com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que chegou a tomar o celular do youtuber. Durante o episódio, Wilker pressionava Randolfe com perguntas repetitivas sobre terrorismo e assédio político.

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