Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse que foi surpreendido "violentamente" com as cenas gravadas na Operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador José Roberto Arruda é apontado como o comandante de um suposto esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados. Ele nega as acusações. Aécio também afirmou que o caso causou desgaste ao DEM, principal aliado do PSDB na candidatura à Presidência em 2010, e aproveitou para reforçar seu nome como aquele capaz de agregar "outras forças políticas" para a corrida presidencial do ano que vem, sem excluir o Democratas da aliança.

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"As cenas são realmente tristes. Me surpreendi violentamente com elas. As imagens são muito fortes, são extremamente fortes. As cenas são chocantes e as acusações, me parecem, são extremamente graves. O desgaste existe, ele é claro. Vamos ter que contabilizá-lo no momento eleitoral, não dá para você antecipar agora uma contabilização de prejuízo", avaliou.

O governador disse que pode atrair aliados importantes. "Talvez esse episódio fortaleça a ala tucana que quer ampliar a aliança. Tenho disposição, se for a vontade do meu partido, de colocar o meu nome como candidato à Presidência da República. Acho que posso atrair aliados importantes", acrescentou. Para Aécio, que no passado já fez vários elogios a Arruda, o governador do DF deve explicações sobre o esquema desbaratado por meio da Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal. Afirmou ainda que caberá ao Democratas decidir sobre o destino político do colega do DF. "Não nego que o governador Arruda buscou fazer uma gestão, do ponto de vista administrativo, importante. Obviamente, isso tudo fica de alguma forma contaminado por essas ações," ressaltou. Aécio também negou relação entre o caso do DF e outros esquemas apelidados de "mensalão" envolvendo o PT e, em 1998, na reeleição do então governador de Minas, o atual senador Eduardo Azeredo (PSDB). Os dois casos correm no Supremo Tribunal Federal (STF). "Não quero me ater na análise profunda da diferença dessas questões. São absolutamente distintas", disse.

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Depoimento

Em depoimento à Polícia Federal no dia 13 de novembro de 2009, o ex-secretário de Realções Institucionais, Durval Barbosa, principal pivô do suposto esquema, afirmou que Arruda teria tentado conversar com o governador de Minas Gerais para saber informações da investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Aécio seria procurado porque o ministro do STJ, Fernando Gonçalves, responsável pela investigação, era mineiro. Barbosa, no entanto, não esclareceu no depoimento se Arruda conseguiu, de fato, conversar com Aécio Neves.

A assessoria do governador de Minas Gerais negou a suposta conversa com Arruda e afirmou que faz mais de dois anos que o governador mineiro não fala com o ministro do STJ Fernando Gonçalves.

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