Na votação do impeachment, a presidente Dilma Rousseff (PT) deverá encontrar vários rostos conhecidos: 14 de seus ex-ministros hoje tem cargo parlamentar, oito na Câmara e seis no Senado. Pelo menos cinco deles devem votar contra a ex-chefe, enquanto outros sete declararam voto no governo.
PLACAR: Veja como deputados federais votarão o impeachment
Na Câmara, a maioria deve seguir fiel à presidente. Além disso, outros quatro ministros atuais “saíram” do governo temporariamente para apoiar o mandato de Dilma – a estratégia também foi usada por secretários de estado de oposição.
No Senado, porém, apenas Gleisi Hoffmann (PT-PR) é um voto certo favorável ao governo.
Câmara
Na Câmara, o único voto declarado contra Dilma é de Edinho Araújo (PMDB-SP), ex-ministro da Secretaria dos Portos. Ele é aliado do vice-presidente Michel Temer, e pertencia à sua “cota” ministerial.
Na célebre carta de Temer a Dilma, Edinho é citado – o vice-presidente reclama de sua demissão, ocorrida em outubro deste ano. Em março, ele lançou uma nota declarando ser favorável à saída da presidente. “Já tenho posição definida de como será o meu voto no plenário da Câmara Federal. Votarei sim em favor do Brasil”, disse.
Demitido na “faxina” de Dilma, em 2011, o ex-ministro dos Transportes e hoje deputado federal Alfredo Nascimento (PR-AM) ainda não revelou o seu voto. Seu partido não anunciou se deixa ou não a Esplanada dos Ministérios, mas a maioria dos parlamentares deve se posicionar favoravelmente à saída de Dilma.
Outro ex-ministro declarou voto contrário ao impeachment, mas pode mudar de posição. George Hilton (PROS-MG), ex-ministro dos Esportes, chegou a deixar o PRB para seguir apoiando Dilma – mas ficou sem o cargo de ministro mesmo assim. Entretanto, seu novo partido acordou que irá votar em bloco – e ainda não se sabe qual rumo irá tomar.
Senador Telmário Mota pede ao STF anulação de todo o processo do impeachment
Leia a matéria completaJá Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ex-ministro das Cidades, votou contra o relatório na comissão do impeachment, na segunda-feira (11), e deve manter o voto no domingo (17), mesmo com a saída do PP da base de apoio.
Os outros ex-ministros são de partidos do “núcleo duro” contra o impeachment: Maria do Rosário (PT-RS, Direitos Humanos), Pepe Vargas (PT-RS, Desenvolvimento Agrário), Orlando Silva (PCdoB-SP, Esportes) e Afonso Florence (PT-BA, Desenvolvimento Agrário).
Senado
No Senado, os ex-ministros também são “ex-amigos” da presidente. A começar pela ex-petista Marta Suplicy, ex-ministra da Cultura. Ela deixou o PT em 2015, e saiu do partido atirando. Fez duras críticas a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se filiou ao PMDB dizendo que queria “um Brasil livre da corrupção” – o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ambos investigados pela Operação Lava Jato, estavam entre os convidados da cerimônia.
Também deve votar contra Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), ex-ministro da Previdência. Sua ala do PMDB teve atritos com o PT a partir da eleição de 2014, quando Lula fez campanha contra seu primo e ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), então candidato ao governo potiguar. Dilma tentou aparar as arestas e chegou a nomear o candidato derrotado ministro, mas a estratégia não deu certo.
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), ex-ministro da Integração Nacional, por outro lado, deixou o governo justamente porque o seu partido, o PSB, decidiu lançar Eduardo Campos candidato à presidência da República, em 2013. Especulou-se que ele poderia estimular o voto favorável ao governo. Entretanto, ele declarou em inúmeras ocasiões que defende o impeachment.
‘Final de campeonato’, votação do impeachment será transmitida em bares
Leia a matéria completaCompleta a lista de “ex-amigos”, Marcelo Crivella (PRB-RJ), ex-ministro da Pesca. Ele decidiu que, assim como o resto do PRB, votará contra o impeachment. Nos bastidores, o PT chegou a oferecer apoio à sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro em 2016, em troca do voto favorável dos 22 deputados do partido. Isso não ocorreu. Ao assumir o ministério da Pesca, Crivella fez uma declaração para lá de curiosa: disse que não sabia sequer colocar a minhoca no anzol.
Já Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, mantém segredo sobre seu voto na comissão do impeachment. É provável, porém, que ele se posicione a favor. Lobão é muito ligado ao ex-presidente José Sarney que, nos bastidores, tem trabalhado pela saída de Dilma.
Para que o Senado se manifeste, é preciso que a Câmara aprove a admissibilidade do impeachment nesse domingo (17). Caso isso ocorra, é necessário que a maioria dos senadores (41) votem a favor do prosseguimento do processo para que Dilma seja afastada temporariamente. O julgamento em si ocorre em um prazo de 180 dias – e, neste caso, são necessários os votos de mais de dois terços dos senadores (55).
Homens de confiança
Outros dois ex-ministros, mesmo sem mandato parlamentar, têm mais importância para o processo de impeachment neste momento que a maioria dos deputados e senadores. Moreira Franco (PMDB-RJ) e Eliseu Padilha (PMDB-RS), ex-ministros da Aviação Civil respectivamente no primeiro e no segundo mandato de Dilma, são homens de confiança do vice-presidente Michel Temer e são peças fundamentais na articulação de um eventual futuro governo peemedebista.
Mensagens da equipe de Moraes contra Allan dos Santos prejudicam ainda mais pedido de extradição
Petição pública para impeachment de Moraes se aproxima de 1 milhão de assinaturas
Acordo sobre emendas pode atrapalhar PECs para conter STF, mas oposição insistirá em votação
Desobedecer para não cometer injustiças
Deixe sua opinião