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Caças e outros investimentos militares são adiados

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem que não há previsão orçamentária para a compra de 36 caças para reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB) neste ano. A declaração foi feita durante o anúncio do corte de R$ 50 billhões no orçamento do governo em 2011. "Não tem previsão para a aquisição de caças este ano. Não há recursos disponíveis. Acho pouco provável que isso aconteça", disse o ministro.

A FAB pretende comprar novos caças para substituir os Mirage 2000 e F5 que estão em operação. Esses caças têm vida util de poucos anos. Estão na disputa pelo negócio o francês Rafale, o sueco Gripen NG e o norte-americano F18.

No Ministério da Defesa, a redução dos recursos chega a R$ 4,38 bilhões, afetando as três Forças: Exército, Marinha e Aeronáutica. Além de cortar o dinheiro para a compra dos caças, os cortes terão de ser realizados tanto na manutenção das tropas quanto na revisão dos contratos vigentes, como a aquisição de helicópteros, submarinos e cargueiros.

O país, diante desses cortes, porém, poderá ter problemas diplomáticos. A compra de 50 helicópteros, quatro submarinos convencionais e a integração de um modelo nuclear são parte do acordo militar Brasil-França. A parceria foi assinada em 2009 e prevê desembolsos de até R$ 20 bilhões até 2024. Fazer alterações terá implicações na relação bilaterial do Brasil com a França.

"O ministério [da Defesa] terá de sentar com os credores e explicar a nova situação fiscal, buscar renegociação, alongar pagamentos", disse a secretária do orçamento federal do Ministério do Planejamento, Célia Correa.

O doutor em ciências militares e pesquisador da Unicamp Geraldo Cavagnari avalia que os cortes na área indicam que a presidente Dilma Rousseff deve seguir a mesma linha de seus antecessores. "Começa tendo o mesmo comportamento do governo anterior: falta de comprometimento com uma política de defesa", explica.

Das agências

Carro-chefe do governo petista na área social, o programa Bolsa Família foi poupado de qualquer tipo de corte e ainda vai ser ampliado. O reajuste do valor do benefício inclusive pode ser anunciado hoje pela presidente Dilma Rousseff em visita ao município de Irecê, encravado no Polígono das Secas, no sertão da Bahia.

Atualmente, o Bolsa Família atende 12,9 milhões de famílias, que recebem de R$ 22 a R$ 200. Esses valores não têm aumento desde 2009. Além do reajuste, cujo porcentual não foi divulgado pelo governo federal, a presidente poderá anunciar a am­­­pliação do programa – ou seja, o aumento do número de famílias beneficiadas.

Esse aumento poderá levar o governo a fazer uma nova revisão das despesas do governo, admitiu ontem a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela confirmou que governo está avaliando o aumento no valor dos benefícios. "O reajuste ainda não foi definido, mas quando for definido será considerado. De dois em dois meses é feita a revisão de despesas e receitas", explicou. Isso foi interpretado como a admissão de que novos cortes no orçamento deste ano podem vir a ser feitos, além dos R$ 50 bilhões.

Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o corte no orçamento possa ultrapassar os R$ 50 bilhões. "Se nós estamos apresentando R$ 50 bilhões, é porque esse valor é suficiente para os objetivos que temos", disse.

Educação e saúde

Quando o governo federal anunciou que haveria um corte de R$ 50 bilhões, foi anunciado que as áreas sociais (tais como a educação e saúde) seriam poupadas. Mas ontem, no detalhamento das áreas que perderão recursos, apareceu o Ministério da Educação (MEC) – com menos R$ 3,1 bilhões em despesas discricionárias.

Despesas discricionárias são aquelas em que o governo tem poder de deliberação sobre sua execução, de acordo com as prioridades, podendo ser objeto de contingenciamento. Por exemplo : gastos com diárias, passagens, compra de material e contratação de serviços.

De acordo com o MEC, do total a ser cortado, cerca de R$ 2 bilhões são de emendas parlamentares. A pasta vai analisar quais tipos de despesa terá que cortar para fazer a economia referente ao R$ 1 bilhão restante. O orçamento do MEC previsto para 2011 era de R$ 69 bilhões.

O Ministério da Saúde, que comanda as ações em outra área considerada essencial, também perdeu recursos. O orçamento original da pasta era de R$ 63,1 bilhões para este ano. Ontem, o governo federal informou que a Saúde terá à sua disposição R$ 62,5 bilhões – R$ 600 mil a menos.

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