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A arte de cuspir doce

Houve tempo em que as desgraças que se abatiam sobre o Paraná eram de responsabilidade alheia. Se as finanças iam mal, isto se devia à perseguição política da União, que se recusava a liberar empréstimos. Se greves e manifestações pipocavam, a resposta era a mesma. Até imaginários black blocs foram apontados como os elementos que provocaram a batalha sangrenta de 29 de abril.

Outras desgraças apareceram: primos, amigos próximos, gente de confiança, co-pilotos e companheiros de viagem meteram-se em confusões de tal porte que, dia sim outro também, levam o governo do Paraná a frequentar espaços negativos do Jornal Nacional e na grande mídia impressa do país. Já não dá para culpar terceiros – os protagonistas dos últimos acontecimentos são “gente da casa”, com liberdade para entrar nas cozinhas sem pedir licença.

O último amigo a aparecer nas páginas – embora envolvido em fatos não relacionados com a administração estadual – foi o empresário Luiz de Carvalho, ex-secretário da Copa nas gestões dos prefeitos Beto Richa e Luciano Ducci. Ele foi preso pela Polícia Federal e levado a São Paulo para explicar sua atuação num esquema transnacional de lavagem.

Claro que isso tudo aborrece o governador, cuja defesa se concentra em afirmar que a corrupção da Receita é endêmica e que não é obra só do seu governo. Pelo contrário, tem procurado combatê-la e se mostra disposto a colaborar com as investigações e a punir tantos quantos forem pilhados cometendo malfeitos.

Inconsolável, Richa busca forças superiores para resistir à tormenta. Dia destes, por exemplo, recebeu o novo arcebispo de Curitiba, dom Antonio Peruzzo, levado ao seu gabinete acolitado pelos padres José Aparecido, capelão do Palácio, e Reginaldo Manzotti, celebrante oficial de missas campais no Centro Cívico.

Após ouvir os lamentos do governador, dom Peruzzo, sacerdote acostumado a socorrer os aflitos, deu-lhe um simples e sábio conselho: “O senhor precisa aprender a engolir azedo e cuspir doce!”

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