Grande mestre e campeão internacional de xadrez, representante do Brasil em competições mundo afora, Jaime Sunye Neto acaba de dar um xeque-mate em graúdos servidores que andavam desviando dinheiro público no Paraná. Como titular da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude), ele denunciou servidores da área de engenharia que estariam facilitando pagamentos indevidos a construtoras. No começo de maio, Sunye levou o caso ao então secretário da Educação Fernando Xavier, que abriu sindicância para apurar responsabilidades.
Um mês depois, o presidente da Fundepar, Mauricio Jandoi Fanini (ex-diretor de Engenharia da Sude), embora muito amigo do governador Beto Richa, foi exonerado do cargo por meio do Decreto 1602 na última quarta-feira. Agora pasmem: pelo Decreto 1601, Sunye, o denunciante, foi também exonerado. Mais ou menos como se o juiz da partida, inconformado com o resultado, tivesse derrubado o tabuleiro e derramado as peças no chão.
A sindicância, segundo fontes da coluna, confirmou as denúncias de Sunye e identificou vários envolvidos. Uma só das 40 empreiteiras que realizam centenas de obras de construção ou reforma de escolas teria recebido R$ 10 milhões a mais do que deveria. É provável que o método tenha se replicado em outras obras e empreiteiras, o que pode elevar os desvios a valor ainda incalculável.
As irregularidades se davam mediante pagamento por obras não realizadas ou não concluídas com base em falsos atestados de medição. Para onde o dinheiro seguia não se sabe. Talvez o Gaeco se interesse pelo caso e siga o caminho. Os recursos, em boa parte, são oriundos do Ministério da Educação, que agora também acompanha o caso.
O caso Sunye-Fanini é quase uma repetição de um famoso fato histórico, ocorrido em 1984, quando o secretário do Planejamento da época, Belmiro Castor, denunciou o colega da Fazenda, Erasmo Garanhão, como autor de estranhas operações financeiras. O denunciante, que deveria ter recebido elogios pelo zelo ético, foi demitido junto com o denunciado.



