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Olho vivo

Cuca fresca 1

Há mais de dois anos encaixotados e guardados nos depósitos, começarão agora a ser instalados os aparelhos de ar condicionado doados pelo Ministério da Educação para escolas do Paraná. Alunos de 21 escolas estaduais (dentre as 108 escolhidas nas regiões mais quentes) ganham agora a esperança de estudar de cuca fresca neste início de ano letivo dominado por calor senegalesco.

Cuca fresca 2

A denúncia de que os aparelhos estavam estocados, sem uso e se deteriorando, era velha. O que aconteceu de novo, agora, é que o governo estadual enfim reconheceu que durante este tempo não adaptou as instalações elétricas das escolas para capacitá-las a resistir às exigências dos equipamentos. Com temperaturas próximas de 40°C à sombra, dentro das salas de aulas podem chegar a 50°C. Quem aguenta?

A campanha pelo governo estadual, para a qual se apresentam com mais vigor até agora Beto Richa, Gleisi Hoffmann e Roberto Requião, certamente não será monotemática. O debate vai abranger uma infinidade de problemas que afetam o estado e serão abordados pelos candidatos de acordo com o viés político-ideológico de cada um.

De uma coisa, porém, já se tem certeza: a campanha ganhará contornos radicais, como já foi possível notar pelo que aconteceu no último sábado, na Região Noroeste. Richa e Gleisi participaram juntos dos mesmos eventos, um em Quarto Centenário, outro em Umuarama. No primeiro, Richa falou antes e chorou pelos empréstimos que não consegue, segundo ele, por falta de ajuda dos três ministros paranaenses.

Em Umuarama, última a falar, Gleisi deu o troco em tom surpreendente: acusou Richa de "mentiroso", negou que os ministros tivessem culpa e atribuiu as dificuldades do Paraná à incompetência do próprio governo.

Requião, embora nem tenha certeza se será mesmo candidato, não quis ficar de fora e repreendeu os dois. Seu temor é que a disputa seja polarizada entre Gleisi e Beto e ele, se candidato for, acabe fora dos holofotes.

TC isenta estado de subsidiar ônibus. Foi combinado?

Sorrisinhos marotos são trocados entre figuras do primeiro escalão estadual desde que, na última quinta-feira, uma decisão liminar do Tribunal de Contas determinou a redução da tarifa técnica do transporte coletivo de R$ 2,93 para R$ 2,50 – uma diferença de 43 centavos.

Por que sorriem? Porque, com a medida do conselheiro Nestor Baptista – a ser possivelmente referendada nesta quinta pelo pleno do Tribunal – o estado praticamente se livra da obrigação de subsidiar o transporte integrado, que hoje lhe custa R$ 5 milhões por mês. Siga o raciocínio:

- Chova ou faça sol, as empresas de ônibus recebem atualmente R$ 2,93 por passageiro;

- O passageiro (nem todos, pois há os isentos), por outro lado, paga R$ 2,70, o que dá 23 centavos a menos;

- Esta diferença é paga pelo pela prefeitura de Curitiba (uma parte) e pelo estado (outra parte). O estado entra nisto porque o sistema atende não apenas Curitiba, mas a 13 cidades vizinhas.

- É a esta diferença coberta pelos governos municipal e estadual que se dá o nome de subsídio.

Pois bem: se o pleno do Tribunal confirmar a redução, a prefeitura de Curitiba (via Urbs, que gerencia o sistema) será obrigada a cumprir a determinação. O que significa que o cálculo do reajuste da tarifa nos próximos dias se fará a partir do novo valor básico, R$ 2,50.

Se o reajuste, por hipótese, considerando a inflação dos últimos 12 meses (5,9%) somada a outros encargos, chegar – vá lá – a 10%, isto significa que, na prática, as tarifas técnica e do passageiro vão empatar. Ou seja, estado e prefeitura poderiam se livrar do subsídio.

Mas neste ponto a porca torce o rabo: as concessionárias estariam dispostas a ganhar menos? Claro que não: elas recorrerão à Justiça e, sem dúvida, ganharão liminares que lhes garantirão reajustes calculados sobre a tarifa técnica atual, de R$ 2,93.

Neste caso, a prefeitura terá de cumprir a determinação judicial, gerando um rombo muito maior do que o existente agora. Já o ônus político recairá sobre o prefeito Gustavo Fruet, pois cabe a ele baixar novo ato de reajuste e/ou administrar a necessidade de recolocar o subsídio do estado sobre a mesa de discussão.

Na outra ponta da avenida Cândido de Abreu, no 3.º andar, haverá um esfregar de mãos de satisfação. Pergunta-se, com todo o respeito que as instituições merecem: teria havido uma "combinação" com o TC para empurrar o problema para o colo de Fruet?

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