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Olho vivo

Segundo turno 1

Tudo indicava que a disputa pela prefeitura de Curitiba seria polarizada entre Luciano Ducci e Gustavo Fruet. Entretanto, a falta de empolgação popular para reeleger o atual prefeito e a demora de Fruet para estabelecer os contornos da aliança partidária de sustentação de sua candidatura estão favorecendo o surgimento de outros pretendentes. A prevalecer o quadro que se afigura agora, o mais certo é que a eleição de 2012 só se definirá no segundo turno.

Segundo turno 2

O primeiro a assegurar sua candidatura foi o deputado Ratinho Jr., do PSC. Tido como o vice ideal para Gustavo, sepultou tal expectativa ao descartar a aliança e declarar-se, ele próprio, candidato. Sabe que dificilmente se elegerá, mas também sabe que pode contar com uma massa de eleitores da periferia de Curitiba capaz de não fazê-lo passar vergonha. Muito pelo contrário: como candidato a deputado federal, fez mais de 100 mil votos na capital, de um total de 300 mil no estado. No último fim de semana, uma pesquisa encomendada por ele colocou-o entre os três primeiros colocados, próximo de Ducci e Fruet.

Segundo turno 3

O PPS também está disposto a entrar na parada, segundo informa seu presidente estadual, o deputado Rubens Bueno. Por enquanto ele menciona dois nomes do partido para enfrentar a disputa – o da filha, vereadora Renata Bueno, e o do presidente da Urbs, Marcos Isfer. Como este último já negou a possibilidade, a escolha pode se dar no âmbito familiar: ao invés da filha, o próprio Rubens Bueno poderá ser o candidato. Ele tem um bom precedente histórico: ao disputar a eleição de 2004 (quando Beto Richa se elegeu), fez o terceiro lugar, com 20% dos votos.

Segundo turno 4

Só aí já seriam quatro os candidatos: Ducci, Fruet, Ratinho e Bueno – todos com razoáveis condições de amealhar eleitores. Mas há também o ex-deputado Rafael Greca, já lançado pelo PMDB. Também não se pode ainda descartar um candidato próprio do PT, caso não se concretize a intenção de grão-caciques petistas de integrar, logo de cara, aliança de apoio a Gustavo Fruet. Com tantos candidatos assim, dificilmente um deles fará mais de 50% dos votos para sagrar-se eleito já no primeiro turno.

A Comissão de Ética da Câmara de Curitiba divulga hoje à tarde o relatório do que apurou em relação às denúncias contra o presidente da Casa, vereador João Cláudio Derosso. Além do próprio Derosso em duas sessões (uma pública, outra secreta), a comissão ouviu também servidores que dirigiram os processos de licitação e contratação da agência Oficina da Notícia – empresa de sua mulher – por meio da qual o Legislativo gastou perto de R$ 5 milhões em cinco anos.

Ganha uma bala de hortelã, para refrescar o hálito amargo, o leitor que apostar que o relatório vai inocentar Derosso das irregularidades levantadas contra ele. A curiosidade reside apenas em como serão terçados os argumentos para inocentá-lo. Provavelmente, a comissão acatará a tese de que, quando o contrato foi firmado, ele ainda não estava casado com a jornalista Cláudia Queiroz Guedes, a dona da empresa.

Mais difícil – mas certamente se arranjará um jeito – será justificar o fato de que, mesmo não se constatando os laços matrimoniais do presidente com a dona da empresa – a Câmara ainda assim estava legalmente impedida de firmar o contrato uma vez que a titular da Oficina da Notícia era servidora da Casa. A Comissão de Ética aceitará o argumento pedestre de que a culpa deve recair sobre Cláudia Guedes por não ter informado que era funcionária?

O processo que levará à canonização de Derosso não vai se esgotar no relatório da Comissão de Ética. Seguramente vai prosseguir no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instituída para o fim de aprofundar as investigações. As cartas estão todas marcadas nas duas instâncias. Na primeira, presidente e relator são do PSDB, mesmo partido do acusado. Na outra, sete dos seus nove membros fazem parte das majoritárias bancadas de apoio e irrestrita fidelidade ao presidente.

À CPI competiria examinar também o destino final dos R$ 30 milhões empenhados em favor da Oficina da Notícia e também de outra empresa de propaganda, a Visão Publi­­cidade. O exame de faturas e notas fiscais ajudaria muito. Somente através da Visão foram gastos R$ 14 mi­­lhões para supostamente editar e imprimir um jornal intitulado Câmara em Ação. Como nunca ninguém viu o tal jornal im­­presso, supõe-se que esta seria uma das origens da boa vontade que muitos vereadores devotam ao presidente João Cláudio Derosso.

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