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Olho vivo

Desacordo 1

As enrascadas em que se meteu ao longo dos quase sete anos consecutivos de governo começam a mostrar com mais clareza os efeitos provocados pelo governador Roberto Requião. Uma delas diz respeito ao pedágio. Dentre as inúmeras tentativas para cumprir a promessa de abaixar ou acabar com ele, Requião fez em 2005 acordo com duas concessionárias cujos resultados foram diametralmente contrários aos supostamente pretendidos.

Desacordo 2

Num dos acordos para baixar, foi criada mais uma praça de pedágio no caminho entre Curitiba e a Lapa. Noutro, uma rodovia que deveria ter sido duplicada, só o será daqui a dez anos. Esse último caso é o do trecho da BR-277 entre Cascavel e Foz do Iguaçu, cuja tarifa ficou de fato menor durante algum tempo, mas, em compensação, a duplicação foi adiada. Já a tarifa voltou logo a ser o que era!

Desacordo 3

No fim de semana, prefeitos da Região Oeste, preocupados com os prejuízos econômicos decorrentes do tráfego em pista única e da falta de segurança (o trecho é campeão de acidentes e mortes), pediram explicações à Secretaria dos Transportes, exigindo que tome as providências devidas para que o contrato original, que previa a duplicação, seja obedecido pela concessionária.

Sai hoje uma nova pesquisa CNI/Ibope para a Presidência da República. Segundo antecipou a revista Veja do último fim de semana, a novidade que ela apre­­sentará é o nome de Ciro Gomes (PSB) ocupando o segundo lugar, pouco à frente de Dilma Rousseff (PT) – ambos muito distantes de José Serra, confirmado até agora na condição de grande favorito.

Muito embora ainda haja muita água para passar pela ponte que nos separa da eleição do ano que vem, já se pode bem vislumbrar que deve vir por aí alguma ação do presidente Lula e do PT para evitar o precipício que ameaça as pretensões de levar a ministra Dilma ao segundo turno. Bastaram dois fatos novos – as entradas de Ciro Gomes e da ex-ministra Marina Silva na disputa – para que se configurasse o quadro preocupante mostrado pelo Ibope.

Não se trata de tarefa fácil, mas exigirá empenho pessoal do presidente Lula e dos estrategistas da campanha petista. Começa pela necessidade de melhorar e popularizar o nome e a imagem da própria candidata, ainda não assimilados pela opinião pública na medida necessária para viabilizá-la para a competição. E prossegue pelas negociações para a montagem de uma grande e eficiente frente partidária de apoio.

É nesta última tarefa que a participação de Lula será mais exigida. Fica cada vez mais urgente, por exemplo, cooptar o PMDB, provavelmente oferecendo-lhe a posição de vice-presidente na chapa de Dilma, assim como preservar a unidade das demais agremiações que hoje já formam a base de apoio ao governo federal.

Tudo isso tem reflexos nos estados – e o Paraná, claro, não deverá escapar de alguns arranjos urgentes.

Aqui, seja com Beto Richa, seja com Alvaro Dias, o PSDB está bem armado para melhorar ainda mais a já confortável posição do presidenciável tucano José Serra. Consequentemente, se medidas de reação não forem tomadas, a votação de Dilma Rousseff no estado tende a ser muito precária. Principalmente porque Ciro Gomes também tirará dela uma parte significativa do eleitorado que, inicialmente, optaria pelo seu nome.

Essa dificuldade já não era desconhecida. Tanto que, espertamente, Lula trabalhou para seduzir Osmar Dias, trazendo-o para o seu lado. Parece já não haver caminho de volta para Osmar: com certeza ele agregará votos para Dilma – mas isto não lhe basta para garantir a própria eleição. Ao contrário, sob certos sentidos, pode até prejudicá-lo.

Apesar da pieguice, tão ao gosto dos enamorados, essa situação faz lembrar um pouco o diálogo da raposa com o principezinho de Saint-Exupéry. "Tu és eternamente responsável por aquele a quem cativas", disse a raposa ao protagonista de O Pequeno Príncipe. Pois Lula, mesmo que pensando apenas em seu proveito próprio, cativou Osmar e tornou-se também responsável por ele.

A lógica é a seguinte: Dilma só fará bom papel no Paraná se o senador for bem. Por isso não será surpresa se, diante das circunstâncias difíceis apontadas pelas pesquisas anteriores e agora pela do Ibope, Lula não faça passar por aqui um trator solidário para aplainar o caminho de Osmar. O que significará, por exemplo, trazer logo o PMDB para o seu campo.

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