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Olho vivo

Bastidores

Com um pé em cada canoa, o governador Beto Richa (PSDB) não deixa de trabalhar também pela candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB), quase tanto quanto diz publicamente fazê-lo pela do correligionário tucano Aécio Neves. Richa e membros do primeiro escalão de seu governo têm tido reuniões semanais com o ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), coordenador da campanha de Campos e que disputará cadeira na Câmara Federal na próxima eleição.

Ansiedade 1

Cresce a ansiedade nos arraiais do PMDB paranaense. Repentinas mudanças de opinião entre os que têm algum poder de influência sobre os convencionais do partido espalham clima de incerteza. O grupo de deputados estaduais, antes considerado capaz de definir o resultado da convenção em favor da aliança pela reeleição de Richa, começa a apresentar fissuras capazes de de levar o partido a lançar candidato próprio.

Ansiedade 2

Se, antes, os deputados viam na aliança a tábua de salvação para seus próprios mandatos, agora eles se veem acossados por alguns membros da bancada e "forasteiros" que pretendem disputar a eleição, que a melhor alternativa é ter um candidato majoritário "puxador" de votos. No caso, o senador Roberto Requião.

Ansiedade 3

Em razão da dúvida existencial que acomete os dois lados – o dos richistas e o dos requianistas –, Pessuti passou a ser valorizado. Tem poucos votos na convenção, talvez apenas uns 20% dos delegados – o bastante, no entanto, para desempatar a disputa. Ele sabe disto e joga as cartas: para pavimentar o próprio caminho, aceita bater chapa com Requião, ser candidato ao Senado ou, até, se aproximar da petista Gleisi Hoffmann.

Se tudo quanto a presidente Dilma Rousseff sacramentou para Curitiba na última sexta-feira se concretizar, a administração do prefeito Gustavo Fruet está salva – desde que ele, o prefeito, saiba transpor com agilidade as naturais dificuldades que envolvem a execução das obras de tão grande porte quanto as que acabam de ser anunciadas.

De fato, os maiores problemas estruturais que Curitiba enfrenta, com reflexos para toda a região metropolitana, concentram-se na mobilidade urbana. Para vencê-los, verbas federais vão irrigar a construção do metrô, a conclusão da Linha Verde, a readequação do itinerário do Inter-2 e a finalização do projeto de readequação das canaletas.

Além destas obras projetadas pelo município, Dilma anunciou outra, de responsabilidade exclusiva da União: a recuperação do Contorno Sul. Na soma, incluindo este último, os investimentos federais em Curitiba chegarão a R$ 3 bilhões, aos quais se acrescem outros cerca de R$ 2 bilhões em recursos da prefeitura e da iniciativa privada.

Portanto, R$ 5 bilhões (ou pouco mais) destinados a melhorar o sistema viário e a dar maior eficiência ao transporte público.

Ótimo, se a cada edital a ser lançado não sobrevier uma enxurrada de contestações judiciais capazes de jogar para as calendas gregas a execução das obras ou se o poder público municipal não for ágil o bastante para botar a máquina pra funcionar. Deve-se evitar, por exemplo, o que ocorreu com a intenção de implantar a usina de industrialização que serviria para processar 2,5 mil toneladas por dia do lixo metropolitano.

A licitação foi lançada em 2007, mas tantas foram as ações judiciais que envolveram a concorrência internacional que, até hoje, passados sete anos, a usina ficou apenas na intenção. Ou nem na intenção, porque o tempo decorrido e a mudança na administração municipal aconselharam a adoção de tecnologia diferente daquela inicialmente idealizada. Que por sua vez também não saiu do papel.

Ou, para citar outro exemplo emblemático de quanto obras consideradas vitais ficam pela metade em relação às previsões de término, está o caso da Linha Verde. A grande avenida sobre trecho urbano da BR-476, ligando o Ceasa ao Atuba, não chegou a ficar pronta nem mesmo pela metade. Parou quando seus custos triplicaram durante os anos seguintes ao seu início, em 2005.

São situações que, se não levadas em conta por Fruet, podem se repetir: são obras complexas de engenharia e de processos construtivos, caras, sujeitas a mudanças radicais de custos e a infindáveis contestações judiciais – destas que tanto gostam de mover as grandes empreiteiras, geralmente vorazes na tarefa de aumentar seus lucros.

O que, em resumo, significa que, se não ficar atento ao controle, tanto dinheiro para tanta obra pode ser sinônimo de muito sucesso ou de grande fracasso na administração.

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