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Celso Nascimento

Desembargadora reclama de juiz

Num dia, três desembargadores reunidos decidem que os radares de Curitiba precisam ser desligados. Noutro, um solitário juiz, de instância inferior, decide que os desembargadores não têm razão e manda manter os radares funcionando. Pode? Quem sabe até possa, considerando-se as inúmeras válvulas processuais típicas da legislação brasileira – mas o gesto do juiz também pode ser tido como um desrespeito a ordem superior ou, no mínimo, o resultado de má interpretação do que manda o rito processual.

O caso é concreto. No dia 3 de novembro passado, a 4.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, como o voto unânime dos três magistrados que a compunham na ocasião (Regina Afonso Portes, Maria Aparecida Lima e Eduardo Sarrão), reconheceu a ilegalidade do nono aditivo contratual firmado com a empresa Consilux e mandou a Urbs desligar todos os radares de fiscalização do trânsito de Curitiba.

A Urbs não obedeceu à ordem. Pelo contrário, ingressou com com um recurso processual (embargo declaratório) na 3.ª Vara da Fazenda Pública e obteve do juiz Rodrigo Otávio do Amaral a decisão de manter os radares ligados até que fosse julgado o mérito da ação proposta pelo Ministério Público Estadual, que questiona a legalidade do aditivo.

A desembargadora Regina Portes, presidente da 4.ª Câmara Cível do TJ e relatora do processo, não gostou do que fez o juiz Rodrigo Otavio. E ontem revigorou a ordem anterior de suspender os radares, não sem antes afirmar que o juiz, ao negar o "cumprimento de um acórdão unânime deste colegiado", vem "infelizmente a corroborar as inúmeras insurgências da população, quando alega que as decisões judiciais não são cumpridas, e nada acontece".

A desembargadora reforça em seu relatório: "Digo isso, pois é fato público, diversas fezes estampado nos jornais, que a Urbs ‘entende’ que não precisa cumprir a decisão enquanto não houver julgamento de mérito dos embargos. Pois bem, agora, com o julgamento de mérito dos embargos, o seu descumprimento poderá ser entendido como crime de desobediência ou improbidade administrativa."

E ai se a Urbs não cumprir! Re­­­cairá sobre as costas de seu presidente, Marcos Isfer, a obrigação de pagar multa de R$ 10 mil por dia, "podendo de ofício ser majorada, caso se tenha notícia do descumprimento, pela segunda vez, da decisão desta corte".

É o que dá um "cochilo", conforme o prefeito Beto Richa classificou a demora da Urbs em prorrogar o contrato por não ter feito licitação no tempo certo.

Olho vivo

Cavalheiro 1

"Onde estava ela?", indagou perplexo o presidente estadual do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, que, anteontem, em Brasília, não encontrou no diretório nacional do partido a sua presidente, Iris Rezende, a quem deveria entregar o pedido de registro da pré-candidatura de Requião à Presidência da República. "Uma mulher deveria ter no mínimo a cortesia de estar no diretório sabendo que nós estaríamos lá", disse, indignado o cavalheiro Pugliesi.

Cavalheiro 2

A ausência de Iris Rezende, que substitui o licenciado Michel Temer na direção peemedebista, dá a medida da importância com que a cúpula encara o autolançamento de Requião. Pugliesi interpreta que a decisão superior de esvaziar o evento do registro – que esperava festivo – "foi motivada pelo pré-acordo firmado por alguns parlamentares durante um jantar com lideranças do PT, para apoiar a candidatura do partido do presidente Lula".

Máquina

Por falar em campanha presidencial de Requião, a bancada de oposição na Assembleia chamou o advogado Luiz Fernando Pereira para levar Requião de novo à Justiça. Tudo porque a máquina pública estadual está sendo usada para promover a candidatura em vez de recursos partidários.

Alianças 1

A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, achou um motivo de satisfação na entrevista que o neopresidenciável Requião concedeu em Brasília. Disse ele que, no Paraná, a chapa ideal seria uma formada por Orlando Pessuti, pelo PMDB, tendo o PT na vice. Segundo Gleisi, a declaração do governador abre espaço para uma conversa mais objetiva sobre a aliança PT-PMDB.

Alianças 2

Enquanto a presidente petista insinua que a política de alianças no Paraná também passa pelo PMDB, o senador Osmar Dias, cotado por Lula para ser o cabeça de chapa numa aliança com o PT, comemora pesquisa realizada em Ponta Grossa por encomenda do PSDB. Ele aparece com 41% das preferência e, em segundo lugar, vem Beto Richa, com 39%, no primeiro turno. A diferença de dois pontos porcentuais prevaleceria num eventual segundo turno.

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