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Olho vivo

Qualidade 1

Enfim, alguém mais preocupado com a qualidade do que com a quantidade de projetos que tramitam na Assembleia. É o deputado Luiz Eduardo Cheida que, depois de contabilizar o resultado das matérias de iniciativa parlamentar aprovadas no ano passado, concluiu que 90% delas tinham pequeníssima relevância. Quase todas diziam respeito apenas a honrarias, declarações de utilidade pública, nominações de bens públicos etc.

Qualidade 2

Em razão disso, Cheida apresentou ontem requerimento (que foi aprovado) para criar uma comissão especial para tratar dos limites e competências para legislar. Além do problema da qualidade, o deputado também questiona a prerrogativa do Tribunal de Contas e do Ministério Público de propor projetos à votação.

Se o líder do governo na Assembleia, deputado Ademar Traiano, quiser fazer uma (uma só) cópia xerográfica desta coluna, vai ali na esquina com 10 centavos e volta com a cópia. No preço está incluído o papel. Ontem, no entanto, ele defendeu como um bom negócio o preço que o governo paga pelos milhões de cópias que faz, em média de R$ 0,1175 por unidade (fora o papel, que é por conta da viúva).

Traiano respondia a um pronunciamento do deputado Tadeu Veneri (PT) que, além de estranhar o alto preço, estranhava também o fato de o governo não ter providenciado uma nova licitação desde que o contrato com a empresa H. Print terminou em janeiro. Seis meses depois é que o governo, ao invés de licitar, decidiu recontratar a mesma H.Print em caráter emergencial, ao custo de quase 12 centavos.

O líder acha que foi um bom negócio, pois antes da recontratação a H. Print cobrava 15 centavos (primeiro o governo falou em 13 centavos). Portanto, diz ele, houve economia de 26%. O custo mensal total, que era de R$ 993 mil, caiu para R$ 735 mil.

Mas Traiano está ainda mais otimista. Informou que, quando for feita a licitação, o preço cairá para 7 centavos. Ora, então por que já não se fez a licitação? A economia não teria começado antes e não seria muito maior?

O episódio revela algo curioso: sem trocadilho, oposição e situação se copiam. Quando era oposição, Traiano se espantava com o preço que a situação pagava pelas tevês laranjas, de R$ 860 no atacado (22 mil aparelhos) e sem imposto, ao passo que, na loja, o mesmo televisor era comprado a R$ 710 por unidade, incluindo impostos e em 10 prestações. O problema é o mesmo; só os papéis é que estão invertidos. Nada se cria, tudo se copia.

Sem saber, Alvaro entrou no leilão

Alvaro Dias é senador. Foi eleito pelo PSDB em 2006 para um mandato de oito anos. Logo, se não tiver outros planos, certamente vai querer disputar a reeleição em 2014. Nesse caso, seu nome precisará compor a chapa do governador Beto Richa, que também buscará a reeleição. Como já é o ocupante da cadeira, pela tradição política a vaga de candidato seria naturalmente sua.

Mas não é bem isso que alguns planejam para o seu futuro: a vaga de Alvaro voltou a entrar ontem no leilão de possibilidades que o governador Beto Richa oferece ao ex-deputado Gustavo Fruet, para que ele permaneça no partido. Ou melhor, para evitar que ele saia candidato a prefeito de Curitiba por uma frente oposicionista e torne mais pedregoso o caminho para a reeleição de Luciano Ducci (PSB), o candidato do seu coração.

Alvaro não gostou de se ver antecipadamente preterido nas escolhas de Beto. Nem sequer foi consultado se estaria disposto a abrir mão da própria reeleição em nome desse projeto. Portanto, segundo ele, trata-se de um desrespeito da cúpula do PSDB paranaense para com ele. Entre outros fatores pelos quais acredita merecer melhor tratamento está o fato de se terem esquecido que ele é o atual líder da oposição no Senado – uma posição de destaque que nenhum outro parlamentar paranaense mereceu até hoje.

O senador Alvaro Dias sabe que não terá dias tranquilos daqui para a frente. Se Gustavo Fruet sair do PSDB não significa que automaticamente estará assegurada a vaga para que se candidate novamente ao Senado. É que há mais gente de olho gordo e com força política para brigar por ela. Nesse caso, o primeiro da lista é o deputado Valdir Rossoni, que além da notoriedade que obteve como presidente da Assembleia, acumula o cargo de vice-presidente estadual do partido e a simpatia de Beto Richa.

As diferenças entre o governador e o senador vêm de longe. O confronto atual é apenas continuidade de refregas mais antigas. Em 2010, por exemplo, Alvaro achava-se no direito de concorrer ao governo estadual e confiava na palavra escrita de Beto Richa de que não pretendia deixar a prefeitura para disputar o governo.

Alvaro Dias sequer conseguiu chegar à convenção do partido, antecipadamente armada para garantir a indicação de Beto. Na campanha, o senador preferiu a neutralidade. Da chapa tucana apoiou apenas Gustavo Fruet, que foi candidato ao Senado.

Em tempo: Fruet não aceita a oferta da vaga de candidato a senador. Sugere que ela seja oferecida ao prefeito Luciano Ducci.

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