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Costuma-se dar aos novos governantes o que, no jargão político, recebe o nome de "cem dias da graça". Nesse período, o novato faz os preparativos para dar início efetivo à sua administração e é tratado com a compreensão e condescedência devidas. Trata-se de uma espécie de lua de mel com o poder e com a opinião pública.

Ao governador Orlando Pessuti, no entanto, está-se dando bem menos tempo. Ele assumiu a cadeira que era de Requião há 30 dias, período que aproveitou bem para conquistar a simpatia geral. Nem precisava fazer muita coisa para alcançar este objetivo – bastava-lhe ser diferente (para melhor) do antecessor. Antes, porém, dos 100 dias (aliás, nem completou os primeiros 30 dias), Pessuti já começa a ser criticado por quem enxerga na sua atuação sintomas de que a administração estadual está paralisada.

O deputado Valdir Rossoni, ex-líder da oposição no governo Requião e atualmente presidente do PSDB, um dos coordenadores da campanha de Beto Richa, assumiu a tribuna ontem para reclamar que, até agora, o novo governador só soube trocar de lugar secretários e assessores. Mas os problemas do estado, como estradas malconservadas ou a segurança pública precária, não dão sinais de que estejam sendo atacados.

Esse fogo vem do terreno inimigo, de um adversário político, mas também há amigos e correligionários de Pessuti preocupados. Governador que acumula a condição de candidato a se manter no cargo nas eleições de outubro, Pessuti tem sido aconselhado por alguns de seus mais próximos a mudar de postura se quiser ter sucesso – tanto como governador quanto como candidato, duas coisas agora evidentemente inseperáveis.

Acessível

Dão exemplos de sua conduta pessoal que, embora interpretados como virtudes, o deixam vulnerável. Acessível e afável no trato, não se nega a receber ninguém em seu gabinete e nem em gastar longo tempo em conversas amenas. Nestes momentos não só estaria deixando de apresentar resultados rápidos, palpáveis e de impacto de sua gestão como também, consequentemente, não estaria fazendo campanha para viabilizar-se como candidato do PMDB. Ao contrário, anda assoberbado, a ponto de dedicar noites e fins de semana para recuperar o tempo que não teve durante o expediente.

Olho vivo

É hoje 1

Hoje é o dia em que os juízes do TRE vão dizer se deve ou não ter prosseguimento na 1.ª Zona Eleitoral o processo que corre contra o ex-prefeito Beto Richa e seu vice, o atual prefeito Luciano Ducci, por suposto uso de caixa 2 em sua campanha para a reeleição em 2008. A expectativa é de que haja quórum para a decisão, ao contrário da tentativa anterior, do dia 14 passado, quando a ausência e o impedimento de alguns juízes provocaram o adiamento para hoje.

É hoje 2

Se, como da vez anterior, não forem convocados juízes substitutos – na forma prevista pela Constituição Federal e pelo Regimento Interno do próprio TRE –, corre-se o risco de novo adiamento. Em nota oficial de esclarecimento, assinada pelo TRE e publicada ontem neste espaço, ficaram devidamente caracterizados os motivos da falta de quórum da sessão anterior de julgamento, quase todos eles previsíveis. Embora previsíveis, no entanto, os substitutos não foram convocados – caso, por exemplo, do desembargador Lauro Augusto Fabrício de Melo, assim como dos demais substitutos entre os juristas que compõem o colegiado.

Regressiva 1

A contagem regressiva está deixando cada vez mais apertado o prazo para que a prefeitura de Curitiba solucione o problema da destinação final do lixo da capital e outros 17 municípios da região metropolitana. Em novembro, o aterro do Caximba deixará de receber as 2,5 mil toneladas de lixo produzidas diariamente. Não há notícia de que o prefeito Luciano Ducci tenha tomado medidas para resolver o grave problema nesses 30 dias de mandato.

Regressiva 2

Já não há mais chance para a instalação da projetada usina de industrialização do lixo – o Sipar, cuja licitação enroscou em ações judiciais – dentro do prazo. Logo, uma das poucas alternativas que sobram é a implantação de um novo aterro praticamente com as mesmas características do Caximba. Pelo que se sabe, só há uma área com licença ambiental apropriada – um imóvel que a empresa de saneamento Estre conseguiu licenciar em março passado, em Fazenda Rio Grande. É provável que a prefeitura tenha de contratá-la sem licitação, dada a urgência.

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