“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”, dizia Magalhães Pinto, ex-governador de Minas Gerais, velha raposa da UDN.
Quem olhava a nuvem até domingo (31) podia ter certeza de que o PSC estava aliado ao PSD na campanha do deputado Ney Leprevost para a prefeitura de Curitiba. Na segunda-feira (1º), a nuvem já apresentava uma outra cara: inconformados com decisões que vêm “de cima”, sem prévia consulta às bases, os cinco vereadores do PSC de Curitiba querem fazer o partido mudar de lado para apoiar a reeleição de Gustavo Fruet.
A entrada do PSC na coligação com o PSD ainda não foi formalizada. A ata da convenção partidária permanece aberta para que nela se inscreva o que o diretório municipal da sigla venha a decidir até sexta-feira (5), último dia do calendário eleitoral para as definições de alianças.
Embora não seja o presidente de direito do PSC, o deputado/secretário Ratinho Jr. é quem de fato “manda” na legenda. Do alto da liderança que exerce sobre os dois partidos, a intenção dele era colocar seus pés políticos em duas canoas: na de Leprevost, acomodaria o pé do PSD (sigla da qual Ratinho se tornou presidente após se desfiliar do PSC); e na canoa de Rafael Greca (PMN/PSDB) pretendia embarcar o pé do PSC.
A comunidade evangélica, majoritariamente militante do PSC, não gostou da aliança com Greca. Ratinho teve de refluir e levou o PSC a apoiar o pessedista Leprevost.
Mas de novo vem encontrando forte resistência. A bancada de vereadores assim como o presidente municipal do PSC, deputado Gilson de Souza, defendem coligação com o PDT de Fruet. E até sugerem o nome do presidente da Câmara, vereador Ailton Araújo, para vice na chapa. Se não der certo, não descartam abrir dissidência durante a campanha.
Ratinho Jr. já teria sentido o novo baque. Não tem conversado diretamente com Fruet. Preferiu procurar o presidente estadual do PDT, Osmar Dias: a ambos interessa iniciar já as tratativas para 2018 em torno de objetivos que lhes são comuns – as disputas pelo governo e pelo Senado. Ambas passam por um acordo satisfatório nas eleições de Curitiba. O que pode mudar a nuvem outra vez.



