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Nos últimos sete anos, o Paraná deixou de construir três hidrelétricas quase do tamanho da de Mauá – a única grande geradora iniciada no governo Requião. Essas três "mauás" seriam representadas pelas cerca de 70 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), no conjunto capazes de produzir 800 MW, mas cujos projetos de licenciamento ficaram engavetados no Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Dinheiro não faltaria para a construção. Empreendedores privados adquiriram áreas consideradas apropriadas para usinas (e inadequadas para a agricultura) e garantiam recursos próprios e financiamentos, inclusive internacionais, mas as obras não passaram da fase do papel porque o governo estadual não as liberou.

Inicialmente, alegou que só concederia licenças após o término de um completo mapa ecológico do estado – algo que não aconteceu. Depois, pela exigência de que nenhuma PCH seria construída se a Copel não fosse sócia majoritária do empreendimento – coisa que desestimulava os investidores, que temiam a companhia do chamado "risco Requião" como gerente da parceria.

O resultado é que o Paraná ficou sendo o único estado brasileiro a não investir em PCHs e perdeu posição relativa na geração de energia elétrica no país. Em 2003, o Paraná era responsável por 5,4% do mercado nacional de geração; em 2008 já era de 4,4%, com tendência a diminuir ainda mais em futuro próximo em razão do irrecuperável atraso.

Nesse meio tempo, os grandes investidores que pretendiam construir PCHs no Paraná foram buscar oportunidades em outras plagas e em outras fontes de energia. Na Bahia, por exemplo, um grupo paranaense investe em energia eólica. Já adquiriu grandes extensões de terras situadas em platôs onde foram identificadas e medidas grandes e permanentes correntes de ventos que permitirão a implantação de "florestas" de torres capazes de produzir eletricidade barata e em escala altamente lucrativa.

Mas as PCHs projetadas e não iniciadas no Paraná não estão perdidas. A simples saída de Requião do governo já foi suficiente para que arredios grupos, incluindo estrangeiros, voltassem a pensar em aplicar seus capitais aqui.

É da J.P. Morgan, uma das maiores agências de risco do mundo, um comunicado que retrata a situação. Título do co­­municado: "Time to say good­­bye to political risk" – Tempo de dizer adeus ao risco político. Re­­­feria-se ao fim da era Requião.

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Olho vivo

Incógnita 1

A última vez que Lula fez comício em Curitiba foi em 2006. Já reeleito presidente, às vésperas do segundo turno reuniu 20 mil pessoas na Boca Maldita para pedir votos para Requião, que concorria contra Osmar Dias. Requião ganhou por míseros 10 mil votos. Não é exagerado afirmar que o apelo final do presidente, com o seu poder de convencimento, tenha feito a diferença. Ironicamente, uma única ausência foi notada no palanque: a do próprio Requião.

Incógnita 2

O candidato temia que a presença de Lula acabasse de sepultar suas esperanças de derrotar Osmar Dias e decidiu fazer campanha em Umuarama – onde, aliás, o adversário fez 65% dos votos. Outras versões dizem que Requião, na verdade, não foi a Umuarama, mas ficou escondido numa van estacionada a duas quadras da Boca Maldita recebendo por celular informações sobre o andamento do comício. Mesmo assim preferiu não comparecer.

Incógnita 3

Lula vem aí de novo em campanha. Sábado, a partir das 10 da manhã, no mesmo endereço, vai pedir votos para Dilma e Osmar e, lógico, para Gleisi e Requião, os dois candidatos da chapa ao Senado. A pergunta é: desta vez Requião estará no palanque? A pergunta faz mais sentido quando se sabe dos avisos que tem dado à coordenação da campanha majoritária de que não participa de eventos em que o governador Orlando Pessuti esteja. E Pessuti estará.

Incógnita 4

O comício está marcado para sábado, mas Lula chega a Curitiba, vindo de Assunção, na noite de amanhã e se encaminha diretamente para a sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). A seu pedido, Gleisi Hoffmann e o candidato a vice Rodrigo Rocha Loures organizaram reunião de empresários e lideranças paranaenses para um debate "sobre o Brasil de hoje e suas perspectivas". Pessuti também estará presente.

Engano

Por equívoco desse escriba, o Instituto Curitiba de Saúde (ICS) foi apresentado anteontem com a sigla ICI, que identifica seu congênere municipal Instituto Curitiba de Informática. O ICI lamentou: o engano não fez bem à sua saúde.

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