• Carregando...

Olho vivo

Redondo 1

Foi com uma garrafa de Skol – aquela cerveja que a propaganda diz que "desce redondo" – que o diretor do Porto de Paranaguá, o João Feio, quis dar sequência aos tapas e empurrões com que reagiu às ofensas de Requião contra Pessuti na última segunda-feira, num restaurante do litoral. Foi contido pelos amigos com quem almoçava. Sem reagir, o ex-governador deixou o local apressadamente, enquanto os demais convivas faziam as contas de quantas vezes Requião foi abatido por agressões físicas de desafetos durante sua carreira política.

Redondo 2

Contaram quatro. O primeiro caso de que se lembraram remonta à década de 80, quando, então deputado, Requião recebeu sopapos do colega Gabriel Manoel durante sessão da Assembleia. Depois, governador pela primeira vez, o empresário Ciro Frare dispensou-lhe o mesmo tratamento no saguão de um hotel em Londrina. O terceiro caso mais conhecido é o dos arranhões que sofreu em julho último do presidente do PPS, Rubens Bueno, em Campo Mourão. O penúltimo foi este de segunda-feira, estrelado por João Feio.

Federal

O caso dos dólares que Eduardo Requião escondia no armário poderá ser investigado, além do Ministério Estadual, também pelo Federal. O advogado Luiz Fernando Pereira protocolou pedido neste sentido no último dia 6, argumentando que o caso será nitidamente de competência da Justiça Federal se comprovado crimes contra a ordem tributária, lavagem, etc.

Relatórios da Secretaria da Segurança Pública apontam crescimento de 21% no número de homicídios em Curitiba e região metropolitana quando comparado o primeiro semestre de 2010 com o de 2009. No ano passado, foram assassinadas 727 pessoas no período, enquanto que de janeiro a junho últimos ocorreram 922 homicídios.

O número de mortes violentas nesses primeiros seis meses do ano já corresponde a mais de 60% do total registrado em todo o ano passado nas duas regiões. Somadas, elas são responsáveis por 50% do total de homicídios dolosos no estado.

Se a taxa de progressão da criminalidade de 21% ao ano se mantiver, Curitiba e sua redondeza viverão uma situação simplesmente catastrófica dentro de muito pouco tempo. E é bom não esquecer que, principalmente por causa dos índices crescentes verificados em Curitiba e região metropolitana, é que o Paraná chegou à triste posição de ser um dos campeões brasileiros de criminalidade, ultrapassando as taxas paulista e fluminense e se aproximando da pernambucana.

A pergunta é: as propostas que os dois principais candidatos ao governo estadual fazem para dar combate ao crime seriam suficientes para conter esse vertiginoso crescimento? Teriam os orçamentos estadual e federal recursos suficientes para cobrir as evidentes deficiências da segurança pública não só na região de Curitiba mas em todo o estado?

Prometem, por exemplo, aumentar em pelo menos cinco mil homens o efetivo da Polícia Militar – e só isso já significa gastar, só em pessoal, 25% a mais do que hoje custa. Mas falam também em aumentar a frota em milhares viaturas, em multiplicar as vagas nas penitenciárias, em resolver o caos das cadeias públicas, em comprar armamentos modernos, em investir em tecnologia voltada para a inteligência, em criar comandos regionais, em pagar melhor os policiais e em dar-lhes treinamento de ponta...

É claro que são propostas mais do que condizentes com as necessidades prementes de um estado cada vez mais violento e de uma sociedade que clama por mais repressão – lembrando, porém, que só repressão não resolve; é preciso também prevenção, que também não custa nada barato.

Mesmo considerando só a repressão, nada se faz da noite para o dia e nem com o orçamento de que se dispõe. Mesmo porque as demandas não se circunscrevem apenas à segurança, mas também a outros setores igualmente carentes de volumosos investimentos – educação, saúde e transportes, só para citar três exemplos básicos.

Logo, olho vivo e devagar com o andor: os discursos podem encantar muitas pessoas, mas é preciso ter cuidado com eles. As boas intenções – e não se quer agora desacreditar delas – costumam esbarrar em duas coisas: em falta de recursos suficientes e em gestão ineficiente. A soma desses dois quesitos negativos é que levam ao fracasso e ao descrédito os políticos que, nessa época de eleição, apresentam-se com voraz apetite de votos. Mais do que choque de gestão, eles (e nós) precisamos de um choque de realidade.

Se, no entanto, quem for eleito conseguir fazer metade do que promete já estará de tamanho bem razoável. E tomara que consiga fazer a metade...

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]