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Nenhum político gosta de perder eleições. Mas há uma diferença entre os que sabem perder, os que sabem que vão perder e os que não admitem perder. Em meio a essas sutilezas estão os verdadeiros vencedores.

Por isso causou espanto na semana passada a declaração do senador Osmar Dias (PDT) de que não iria se "aventurar" nas próximas eleições. Como aventura, leia-se concorrer a governador sem o apoio de grandes partidos.

A declaração é estranha porque Osmar aparece em segundo lugar nas pesquisas, quase sempre em um empate técnico com o líder Beto Richa (PSDB). Além disso, tem uma carreira sólida, com dois mandatos seguidos no Senado.

Para garantir o segundo, em 2002, fez 2.776.368 de votos, a maior votação da história do estado para qualquer cargo eletivo. Em toda carreira, só perdeu a última eleição para governador, quando ficou a 10.479 votos (0,1% do total) de Roberto Requião (PMDB).

Os números comprovam que o senador não é exatamente um aventureiro. Aos 58 anos, contudo, Osmar chegou a um momento crucial na carreira.

Pode concorrer a uma nova reeleição teoricamente fácil e manter a trajetória estagnada. Ou brigar pelo Palácio Iguaçu, o que não é uma barbada, mas tampouco uma missão impossível.

Há os mais variados exemplos para entender a situação. O mesmo Lula que hoje tem 84% de aprovação popular e reconhecimento internacional perdeu mais eleições presidenciais do que ganhou – 3 a 2.

A acreana Marina Silva sobreviveu à malária, à hepatite, à contaminação por mercúrio e agora é candidata pelo nanico PV à Presidência da República. Não conta com alianças, dificilmente passará dos 12% dos votos, mas ainda assim preferiu a trilha mais difícil do que se reeleger senadora pela segunda vez.

Ciro Gomes (PSB) tinha uma condição um pouco melhor, es perneou, mas não conseguiu apoio dentro do próprio partido. Ao invés de buscar uma segunda opção e concorrer a qualquer outro cargo, disse que vai dar um tempo na política para "virar intelectual".

Lula, Marina e Ciro são políticos corajosos. Entendem (ou pelo menos entenderam um dia) que perder na política também significa ganhar. Vão-se os cargos, ficam os ideais.

Em uma democracia saudável, eleições não devem ser consideradas uma batalha campal, daquelas em que o sujeito entra para matar ou morrer. A campanha precisa ser o espaço para discussão de propostas, não para aniquilar adversários e depois distribuir o seu espólio.

Se Osmar se considera um bom candidato, com algo a oferecer para o estado, deve encarar a disputa. Falta tempo de tevê porque o PDT é um partido pequeno? No segundo turno fica igual para todo mundo.

Falta sintonia com o PT? Os petistas nunca foram aliados históricos de Osmar e, se forem desta vez, estarão diluídos no lulismo e não no antigo passado pró-MST que tanto assusta a turma ruralista que apoia o senador.

Falta recurso? Em 1994, Osmar venceu dois dos maiores ricaços da época, Tony Garcia e José Carlos Gomes Carvalho, o Carva­lhi­nho. Aliás, ganhou como uma figura exótica, barbuda e de botina, mais na base do discurso sobre agricultura do que qualquer outra coisa. Está aí a deixa, talvez o que realmente faça falta neste mo­­mento seja o discurso.

São as ideias para o Paraná que deveriam importar para erguer a candidatura de Osmar, não a lenga-lenga sobre quem apoia quem ou quem ocupa qual cargo. Sem isso, o que se aproxima é uma campanha chata e burocrática, que só pode ser combatida com um remédio.

Uma boa e velha dose de aventura.

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Nos corredores

Paz no PMDB

O presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, convocou uma reunião para hoje com os sete deputados federais e 17 estaduais do partido para discutir os rumos das negociações políticas do partido. Pugliesi quer apaziguar qualquer transtorno provocado pelas farpas trocadas recentemente por Roberto Re­­quião e Orlando Pessuti. Segun­­do ele, não haverá imprevistos. "Pessu­­­ti só não é candidato se não quiser."

Hóspede das Cataratas

O prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald (PDT), passou toda a tarde da última quarta-feira instalado na sala do colega de partido Osmar Dias no Senado. Ele e o também pedetista prefeito de Londrina, Barbosa Neto, foram dar apoio ao senador na candidatura ao governo. Mac Donald, porém, ficou mais tempo no gabinete do que o próprio Osmar.

Picler e o xadrez

Outro pedetista presente nas reuniões de quarta-feira, o deputado federal Wilson Picler garantiu que a proposta para ser senador na chapa de Beto Richa (PSDB) não balançou Osmar Dias. "Política é como um jogo de xadrez, às vezes você tem de sacrificar o seu cavalo para dar um xeque-mate no rei", disse.

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