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Nos corredores

Ratinho e os comunistas

Ratinho Júnior (PSC) dá como 90% certa a parceria com o PCdoB para a formação de uma aliança em torno de sua candidatura à prefeitura de Curitiba. Nesta semana, ele acertou os detalhes pessoalmente com Manuela Dávila, que será a candidata comunista à prefeitura de Porto Alegre e terá em troca o apoio do PSC. Ambos têm 30 anos e estão entre os deputados federais mais jovens da atual legislatura.

Depois vem o PR

Segundo Ratinho Júnior, o próximo partido a ser anunciado na coligação será o PR. As negociações entre ele e o presidente estadual da legenda, Fernando Giacobo, estão encaminhadas desde o ano passado. Em paralelo, também há conversas com o PV e com uma ala dissidente do PMDB. Todas as costuras têm efeito direto na candidatura de Gustavo Fruet (PDT), já que tomam partidos da base aliada do governo federal.

Oposição a Serraglio

O deputado Osmar Serraglio (PMDB) foi escolhido coordenador da bancada federal do Paraná nesta semana, mas não por unanimidade. Zeca Dirceu (PT) e Reinhold Stephanes (PSD) não votaram contra, mas pediram mais tempo para a escolha. Stephanes alegou motivos pessoais para a decisão, mas disse que só vai torná-los públicos em outra ocasião.

O voto de um parlamentar é rigorosamente igual ao de outro. Em tese, ne­­nhum deveria ser considerado "melhor", já que no Brasil eles são eleitos dentro das mesmas regras para as mesmas funções. Os principais acontecimentos desta semana em Brasília e Curitiba, no entanto, comprovaram que não é bem assim que a política brasileira funciona.

Há mais meandros de poder e hierarquia em uma casa legislativa do que em uma organização militar. Alguém que não seja do ramo sabe dizer o que diferencia tanto um líder do governo dos demais deputados e senadores de partidos também governistas? Pois os tais líderes são como popstars no universo das excelências.

Tanto que a presidente Dilma Rousseff causou furor ao decidir trocar suas lideranças no Con­­gresso, segunda-feira. No Senado, saiu Romero Jucá (PMDB-RR), herança dos tempos de FHC que estava há incríveis dez anos seguidos na função, para a entrada de Eduardo Braga (PMDB-AM). Na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), herança "apenas" da era Lula, foi substituído por Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Para compreender os efeitos das mudanças é importante entender a simbologia desses cargos. Na prática, os líderes têm vantagens regimentais (como o direito de falar quase livremente nas sessões e de orientar o voto da bancada) que fazem bastante sentido. Também dispõem de uma estrutura melhor, com mais funcionários e gabinetes maiores.

Mas esses diferenciais não são o que mais seduz os parlamentares. É a proximidade com o Poder Executivo, ou melhor, com os cofres públicos. Ser íntimo do governante de plantão é como uma chave para a liberação de recursos para currais eleitorais e para acesso a cargos mais graúdos no governo.

No mesmo dia em que Dilma acertava as trocas na capital federal, João Cláudio Derosso (PSDB) renunciava à presidência da Câmara de Vereadores de Curitiba após 15 anos consecutivos no cargo. Imediatamente, sete colegas se lançaram candidatos à vaga. O curioso é que, nos últimos anos, Derosso vinha sendo mantido por unanimidade.

O presidente da Câmara é o chefe do Legislativo municipal e é evidente que esse é um posto relevante (e de liderança). Um vereador de oposição nessa cadeira, por exemplo, teria armas para fiscalizar as ações do prefeito de cabo a rabo. Já um governista poderia montar a pauta de votações de acordo os projetos prioritários da prefeitura.

Assim como a turma do Congresso Nacional, entretanto, o que os postulantes ao espaço de Derosso realmente querem é sentir um gostinho do Executivo. Aparecer como padrinhos de grandes obras, como gente que faz alguma coisa. E, obviamente, garantir a fidelidade do eleitorado.

O triste é que essa estratégia funciona. Vereadores, deputados e senadores não estão nem aí de posar como capachos de prefeitos, governadores e presidente porque, afinal de contas, o que conta é agradar as "bases", levar recursos para o seu bairro ou cidade.

Se poucos eleitores sabem exatamente o que faz um vereador, menos ainda estão interessados na definição de como deveria agir um líder. O que vale é o asfalto na frente de casa, mesmo que esse seja um direito de todos. Se a rua do vizinho não tem, ele que procure alguém melhor para votar.

De preferência, uma daquelas lideranças.

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