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Redes de conexões abertas e fluidas são de fundamental importância para a promoção do empreendedorismo vibrante nas comunidades locais. Essa é a descoberta mais relevante de um relatório publicado em maio deste ano pela Fundação da Câmara de Comércio dos Estados Unidos e pode ajudar cidades que possuem população com alto nível de escolaridade, parques tecnológicos e boas instituições de ensino – como Curitiba – a desenvolver empresas inovadoras e de alto impacto social.

O estudo “Inovação que importa: Como as redes de relacionamento municipais movem o empreendedorismo cívico” faz um diagnóstico do estado atual dos empreendimentos de startups cujo objetivo é beneficiar a sociedade em oito cidades americanas: Austin, Boston, Chicago, Nova York, Nova Orleans, São Francisco e Washington.

Ecossistema

O relatório identifica os atores-chave e a relação com o ecossistema. O documento constata a existência de uma “relação triangular do empreendedorismo cívico” que é composta, em um dos vértices, por cidadãos e usuários, em outro por entidades do terceiro setor e agências de fomento, e, no terceiro deles, empreendedores. Diversos outros atores fazem parte de funções de apoio que são relevantes para o sucesso de empreendedores. São eles universidades, grupos de mentores para startups, investidores, organizadores de eventos e empresas já estabelecidas.

O estudo aponta também a necessidade de ambiente jurídico eficiente e desburocratizado. Pressupõe, ainda, que a cidade proporcione qualidade de vida aos cidadãos e atraia um grande contingente de profissionais criativos e de alta performance.

Por fim, afirma a necessidade de os atores do ecossistema se conectarem numa rede dinâmica e aberta. Entende que isso ainda é pouco explorado por instituições e empresas e é a melhor oportunidade para desenvolver as comunidades, porque elimina lacunas culturais, permitindo colaboração e facilitando a emergência de serviços inovadores.

O grande enigma é como fazer essa rede funcionar de forma eficaz. Na visão do presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), Sandro Vieira, entidades do terceiro setor, como o instituto, poderiam assumir um papel de liderança na formação de uma rede que construa pontes com os diversos segmentos do ecossistema. “Normalmente isso não é assumido pela iniciativa privada, nem pelas universidades. O poder público também não tem muitos recursos, nem é capaz de articular isso rapidamente”, diz ele. “O primeiro passo seria a prefeitura reconhecer que uma entidade civil fizesse esse papel.”

Desafios

Há em Curitiba o esforço nascente para criar um ecossistema de inovação cívica. Uma série de obstáculos, contudo, dificulta o desenvolvimento de novos negócios.

Como pontua Francisco Milagres, co-fundador da Mirach, empresa de consultoria e investimentos em negócios baseados em tecnologias exponenciais, cultura de empreendedorismo, inovação nas universidades e ambiente econômico saudável são elementos capazes de atrair investimentos de capital de risco. “A integração entre a academia e o empreendedorismo ainda é incipiente e a legislação brasileira e as condições econômicas não favorecem aos investidores adotarem alternativas de investimento em startups.”

Algumas dessas dificuldades são universais. O estudo mostra que entre os desafios para o desenvolvimento do empreendedorismo estão a falta de alinhamento dos atores do ecossistema e a aversão ao risco de indivíduos e organizações, que possuem fortes incentivos para permanecerem acomodados.

A pesquisa aponta também dificuldades dos atores do ecossistema em lidarem com a complexidade da burocracia estatal, bem como dos negócios startups em ter credibilidade para gerir tecnologias de eficácia ainda não comprovada. Acrescente-se, ainda, o cenário de explosão da atividade de startups, o que passou a tornar mais difícil separar o “joio do trigo” no mundo dos empreendimentos inovadores.

Oportunidades

Os pesquisadores elencaram algumas oportunidades nas oito cidades dos EUA para promover o empreendedorismo cívico inovador. Segundo o relatório, as cidades pesquisadas estão aprendendo a usar os recursos locais para engajar suas comunidades, enquanto que instituições civis buscam novas formas de se conectar com cidadãos para a melhoria de seus serviços. Modelos de negócio inovadores passaram a ser objeto de desejo de instituições e grandes empresas, que estão mais aptas a parcerias e incorporações.

Em certa medida esses elementos são encontrados por aqui. O que falta é a coordenação de esforços para tirar proveito deste momento único.

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