As eleições municipais deste ano serão diferentes não só porque o país está em crise, mas porque se desenha um cenário comportamental de um ambiente não mais dominado por uma única rede social. Facebook, WhatsApp, Snapchat, Twitter, Youtube fazem parte de uma miríade de ferramentas que serão usadas para convencer o eleitor sobre quem é o melhor candidato.

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Trata-se mesmo é de convencer. E em menos tempo. A propaganda em rádio e televisão foi reduzida de 45 para 35 dias na reforma eleitoral. A campanha em mídia aberta ficou de tiro tão curto que a mensagem dos candidatos terá de ser muito clara, inteligente e precisa se quiser surtir algum efeito. Para fazer isso acontecer é muito provável que as propostas para tornar a cidade um lugar mais legal de se viver, mais curioso, criativo e interessante sejam deixadas de lado.

Esqueçam um debate propositivo. Será a ascensão da arte do convencimento pautado em valores. Em propósitos inspiradores que tomem corações e mentes e transformem os eleitores em multiplicadores de candidaturas.

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Os meios de comunicação vão prosseguir desempenhando o papel de informar bem, dissipar boatos, debater propostas para as cidades. Mas o eleitor terá o desafio de separar o conteúdo de qualidade daquele produzido por um sem número de produtores de conteúdos duvidosos, blogs de campanha ou clandestinos, perfis falsos de difamação, material apócrifo e outras formas inusitadas para tentar abalar a imagem de adversários.

Smartphones vão dar sua contribuição para acelerar a propagação de conteúdo. Nunca se viu uma eleição em que humores, boatos e valores podem ser compartilhados tão rápidos. O lado sombrio ficará a cargo das militâncias formais e a multidão de apoiadores vão fazer o serviço sujo de desinformar e difamar. O lado luminoso do avanço das novas tecnologias de celular vai ficar por conta dos eleitores que não aceitarem participar do jogo raso do preconceito e da desonra.

É sempre bom ter consciência do cenário que se avizinha antes de ele acontecer. Dá para se precaver e impedir que a massa de extremistas e militantes radicais consiga dominar a pauta eleitoral, como aconteceu nas eleições passadas.

Todo o cidadão tem o poder de evitar que isso aconteça. Basta não compartilhar ou produzir textos meramente panfletários, desprovidos de fundamentos em fatos e dados. Isso já seria um grande alívio à quantidade de lixo recebido pela miríade de redes sociais.

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Dada a dificuldade que a eleição do pós-redes sociais irá impor à sociedade, nunca antes na história foi tão importante contar com ativistas cívicos e seus aplicativos. Eles podem mudar o jogo e serem decisivos na filtragem de informações, criação de métodos de fiscalização de campanhas e fortalecimento do debate público de propostas para as cidades. Se há uma tarefa que vale a pena neste ano, é conseguir fazer que o debate de propostas derrote a boataria e a difamação.