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Até que ponto o envolvimento da comunidade é importante para a eficiência de um governo democrático? O cientista político norte-americano Robert Putnan resolveu entrar nessa discussão e verificar porque alguns governos têm bom desempenho e outros não. Ele fez um estudo de 20 anos na Itália, iniciado em 1970, quando o governo foi descentralizado em 20 unidades regionais de administração.

Acompanhando o desenvolvimento dessas regiões em seu início e nos anos 90, ele percebeu que algumas se tornaram mais eficientes do que outras e que existia uma notável coincidência entre desempenho das instituições e grau de participação da população na vida pública. Mesmo levando em consideração que algumas regiões eram mais ricas do que outras, isso não explicava tudo. Esse trabalho está relatado no livro Comunidade e Democracia – a experiência da Itália Moderna.

De forma muito resumida, ele conclui que em regiões onde há maior relação de reciprocidade – a ideia de confiança, pela qual um favor que faço hoje venha a ser retribuído no futuro – há melhores condições dessa comunidade coibir o oportunismo, clientelismo e solucionar melhor os problemas da ação coletiva.

Por essa lógica, reconhecer e buscar a preservação do bem público é mais importante do que todo interesse individual e particular.

Além dessa relação valiosa – e até em função dela –, as unidades administrativas mais eficientes eram aqueles em que havia um grau maior de participação da comunidade em organizações sociais. E não necessariamente participação em partidos políticos, mas em associações de moradores, entidades como o Lions Clubs, grêmios literários, associação de caçadores, ou até clube de futebol amador.

As regiões onde há mais associações, mais leitores de jornal, eleitores politizados, menos clientelismo, parecem contar com governos mais eficazes e ter eleitores mais satisfeitos. Regiões menos cívicas, apresentam mais clientelismo na política, eleitores insatisfeitos e falta de confiança no cumprimento das leis e instituições.

Assim, quanto mais cívica a região, mas eficaz é o seu governo. Pode ser um estudo localizado na Itália, mas essa relação parece fazer sentido para todos: sociedade forte, economia forte, Estado forte.

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