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O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, reiterou em uma carta publicada no site da arquidiocese de São Paulo apoio ao padre Júlio Lancelotti, que acusa um ex-interno da Febem de chantagem. Dom Odilo elogia o trabalho da polícia e diz que a prisão dos acusados será decisiva para a elucidação dos fatos. No texto, o arcebispo de São Paulo ainda lamenta o fato de o padre Júlio ser transformado em réu, quando na verdade é vítima.

Ao ser preso , na noite de sexta-feira, Anderson Marcos Batista acusou o padre de o ter molestado sexualmente aos 16 anos e, a partir daí, ter mantido um relacionamento amoroso com o religioso. O advogado de Anderson, Nelson Bernardo da Costa, disse que já teve os honorários pagos por Júlio Lancelotti quando defendeu Anderson há seis anos em um processo por homicídio. Ele contou que o padre colaborou com a condição de foragido de Anderson por duas vezes.

- Na verdade, Anderson não saiu da Febem, ele estava foragido. Ele se evadiu da Febem e procurou o padre, que locou um imóvel para ele. O padre sabia da figura de foragido de Anderson e mesmo assim sempre o ajudou contratando uma advogada que cuidava dos interesses do Anderson - disse Costa.

Em outro inquérito, a polícia investiga a denúncia sexual contra um menor. Uma mulher, que seria ex-funcionária da Casa Vida 2 diz que presenciou atos libidinosos do padre com um adolescente em 1999. A polícia ainda não obteve a lista dos funcionários da entidade para confirmar se a denunciante trabalhou mesmo no local. Procurado, Júlio Lancelotti disse que quem o acusa deve provar o que diz.

Em meados de 2004, o padre já havia procurado a polícia para reclamar das ameaças e das chantagens. Ele foi atendido pelo secretário adjunto de Segurança Pública, na época, Marcelo Martins, e encaminhado para o delegado geral adjunto, Luiz Carlos dos Santos. A polícia nada pode fazer na ocasião porque Júlio Lancelotti não quis formalizar a queixa contra Anderson.

O delegado André Luiz Pimentel, que preside o inquérito, fará um pente fino nas informações que já obteve e tentará verificar quanto e de onde veio o dinheiro , inclusive pedindo a quebra do sigilo bancário. Segundo Anderson, o padre já deu a ele R$ 700 mil.

Veja a nota publicada pela Cúria Metropolitana de São Paulo:

A Arquidiocese de São Paulo manifesta sua satisfação pelo trabalho de investigação da polícia, que resultou na prisão de várias pessoas acusadas de atos de chantagem e extorsão contra o Padre Júlio Lancelotti. Esse era um passo muito esperado e necessário para o prosseguimento das investigações e para que a verdade sobre as suspeitas levantadas contra o padre possa aparecer.

Por outro lado, causam grande perplexidade as acusações levianas feitas contra o padre Júlio, que é bem conhecido, há muito tempo, e sempre esteve em evidência na cidade de São Paulo; seu trabalho social foi sempre devidamente monitorado por quem de direito. Com seu valioso trabalho social em benefício de numerosas pessoas que vivem em condições de total exclusão social e, muitas vezes, em situações de marginalidade, e com seu trabalho religioso, ele sempre buscou ajudar essas pessoas a recuperarem sua dignidade, para uma adequada re-inserção social. Para isso, ele teve e tem o incentivo e o apoio da Igreja e também de grande parte da sociedade.

É bom recordar que foi o próprio Padre Júlio quem apresentou a denúncia à polícia de que ele estava sendo vítima de extorsão e, para isso, era chantageado, mediante a ameaça da acusação de pedofilia. Sobre isso foi recolhido farto material comprobatório. Lamentavelmente, de vítima, agora ele está sendo transformado em réu.

Toda pessoa deve ser considerada inocente, até provas em contrário. Aos acusadores cabe a responsabilidade de apresentar provas convincentes para suas acusações. E ninguém pode ser condenado, mesmo na opinião pública, antes do processo formal e sem ter tido a possibilidade ampla de defesa. Padre Júlio tem a solidariedade da Arquidiocese de São Paulo, que confia no trabalho da justiça e estará acompanhando as investigações.

D. Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo

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