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“Quero ser um presidente com postura, equilíbrio, que defenda os valores da família brasileira, os valores cristãos, a democracia, o respeito à vida e o meio ambiente", José Serra, candidato do PSDB |
“Quero ser um presidente com postura, equilíbrio, que defenda os valores da família brasileira, os valores cristãos, a democracia, o respeito à vida e o meio ambiente", José Serra, candidato do PSDB| Foto:

Mãe Brasileira

Para reforçar o espírito familiar da campanha, José Serra destacou o programa de atendimento a gestantes, cópia do Mãe Curitibana, criação do prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB).

Collor

José Serra insinuou que uma possível vitória de Dilma Rousseff pode significar a mesma aventura malsucedida da eleição de Fernando Collor.

Beto Richa

O governador eleito do Paraná apareceu no primeiro dia de horário eleitoral pedindo votos para José Serra, um candidato ético na sua avaliação.

Roberto Requião

Dilma Rousseff, por sua vez, usou o depoimento de Roberto Requião, que acaba de ser eleito senador, para tentar influenciar os eleitores paranaenses. A candidata perdeu para Serra no estado.

Erro estratégico

A concentração da discussão política em torno da descriminalização do aborto é um erro dos candidatos à Presidência da República na avaliação do professor de Ciências Políticas Wilson Ferreira, da Universidade Católica de Goiás (UCG). Para ele, o segundo turno deveria ser usado por Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) para ampliar a discussão e reflexão, e assim convencer o eleitor sobre qual o melhor programa de governo para o país.

"As urnas expulsaram os candidatos exóticos, oportunistas e casuísticos. O momento agora é de examinar o caráter de cada um, discutir as propostas e as diferenças de cada um, o que faltou no primeiro turno. O candidato precisa mostrar a que veio", disse ele. "Ao se apegar ao aborto eles mostram que não querem discutir nada, preferem ficar em cima do muro. Estão partindo para uma linha de omissão, tratando do assunto apenas com postura eleitoral", emendou Ferreira.

O cientista político Antônio Octávio Cintra, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e consultor legislativo da Câmara dos Deputados, acrescenta mais um item à explicação sobre a predominância do tema nos discursos de PT e PSDB. "Eles viram que a votação expressiva da Marina [Silva, candidata do PV] não foi resultado só da questão ambiental. Há a questão dos valores, da família envolvido também. Por isso passaram a priorizar o aborto para tentar agradar os eleitores religiosos", explicou.

Respeito à vida, mas ataques ao adversário. A polêmica sobre a descriminalização do aborto que tomou conta do debate político embalou o primeiro dia da propaganda eleitoral do segundo turno na disputa pela Presidência da República. Tanto Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB) exploraram a defesa dos valores cristãos e familiares durante os 20 minutos a que tiveram direito na tevê, divididos em dois blocos, um à tarde e outro à noite, relegando a um plano secundário as propostas de governo. Partiram também para a troca de farpas, com acusações pesadas dos dois lados. Neste primeiro dia de horário eleitoral, os programas foram direcionados para a desconstrução dos adversários. Para Serra, eleger Dilma pode significar para o Brasil repetir o "estrago" chamado Fernando Collor. Já a petista reforçou a ideia de que o país não pode andar para trás, comparando as conquistas do governo Lula com as do período Fernando Henrique Cardoso.

Serra reforçou a posição contra o aborto, enquanto Dilma intensificou os argumentos na busca por se desvincular da pecha de favorável ao relaxamento da ques­­­­­tão, o que lhe rendeu pesadas críticas do eleitorado religioso.

"Quero ser um presidente com postura, equilíbrio, que defenda os valores da família brasileira, os valores cristãos, a democracia, o respeito à vida e o meio ambiente", afirmou o tucano, no momento em que apresentava o programa Mãe Brasileira, versão ampliada do Mãe Curitibana criado pelo prefeito Luciano Ducci (PSB), quando era secretário de Saúde de Curitiba, que visa oferecer acompanhamento e pré-natal às mulheres grávidas. "Não vamos andar de mãos dadas com governos que apedrejam mulheres, perseguem a imprensa e tem vocação para a ditadura", emendou, intensificando às críticas à política de relações internacionais do governo Lula, principal cabo eleitoral de Dilma.

A petista respondeu aos ataques com um discurso direcionado aos religiosos, sem, no entanto, mencionar em nenhum momento de forma direta o tema aborto. "Quero começar esse segundo turno agradecendo a Deus por me ter concedido uma dupla graça: ter sido a candidata mais votada no primeiro turno e ter a oportunidade agora de discutir melhor as minhas propostas e me tornar ainda mais conhecida", disse ela, abrindo na sequência espaço para o locutor do programa ressaltar que "Dilma vai fortalecer e apoiar a família brasileira", apresentando a candidata como mãe, avó e "mulher que respeita a vida".

Outro ponto que uniu os dois concorrentes foi o cortejamento a Marina Silva (PV), terceira colocada no primeiro turno com quase 20 milhões de votos. O programa de Serra exibiu trechos do pronunciamento que fez assim que soube que iria para o segundo turno, ainda no domingo, destacando especialmente o agradecimento a Marina. Já Dilma disse que ao somar a sua votação com a da candidata do PV (cerca de 67,2 milhões), fica claro a vontade do brasileiro de eleger uma mulher presidente.

Mais bem produzido do que as peças exibidas no 1.º turno, o programa de Serra ressaltou ainda a biografia do tucano, pregando sempre a maior experiência em relação à concorrente. Exibiu imagens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, avaliado como o responsável pelo controle da inflação, algo raro na fase inicial da campanha.

Beto Richa, governador eleito do Paraná, gravou depoimento a favor do correligionário ressaltando o aspecto ético da candidatura. Aécio Neves (senador eleito por Minas), Geraldo Alckmin (governador de São Paulo), Antonio Anastasia (governador de Minas) e Raimundo Colombo (governador de Santa Catarina) completaram o time pró-Serra.

Já Dilma voltou a dizer que vai dar continuidade as obras de Lula, que apareceu no vídeo defendendo a petista dos ataques adversários. A ex-ministra da Casa Civil disse que está "sofren­­­do na pele uma das campanhas mais caluniosas", em referência aos ataques que recebe há algumas semanas pela internet.

O programa da petista afirmou que "uma corrente do mal tem usado a rede para espalhar mentiras contra a Dilma" e pede para quem receber "algo assim" que envie "uma mensagem de amor pa­­ra quem lhe enviou a mentira". Recém-eleito senador, Roberto Requião (PMDB) apareceu ao lado de Eduardo Campos (governador de Pernambuco), Jaques Wagner (governador da Bahia), Sérgio Cabral (governador do Rio de Janeiro) e Tarso Genro (eleito no Rio Grande do Sul), entre outros, fazendo afagos a Dilma.

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