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Trânsito caótico para carros e pedestres

A aposentada Rosa Maria Real Bispo, 60 anos, se incomoda bastante ao buscar o neto na creche Nelson Buffara, no São Braz. O menino, de 1 ano, não dá nenhum trabalho, mas dona Rosa passa o maior sufoco ao tentar transitar pelas vias do bairro, que em muitos trechos estão sem calçamento. É o caso da Rua da Independência e da Pedro Corrêa da Cruz. "A gente tem de ir para o meio da rua, não tem onde passar. O ruim é que tem muito trânsito aqui, muito caminhão em direção à rodovia", conta ela, se referindo ao Contorno Norte de Curitiba.

Na esquina das avenidas Manoel Ribas com Napoleão Manosso, no bairro Butiatuvinha, o pedestre também sofre, e desta vez é para atravessar. "Os carros querem cruzar de uma avenida para a outra. Quando dá eles vão, não importa se o sinal para pedestre estiver verde", conta Osni de Jesus de Oliveira, 33 anos, que há 16 anos trabalha na Agropecuária Iguaçu.

"Fizeram um contorno para caminhões, mas não adianta, o número de carros é muito grande", observa Osni. Ele mora no bairro, local onde também faltam calçadas. "Até que melhorou, mas começam a obra, daí param, depois abandonam e retomam em outro local", reclama.

Risco

A Avenida Toaldo Túlio foi revitalizada há pouco tempo, mas ainda oferece perigos. Há uma faixa de pedestre elevada, mas quase diariamente ocorrem acidentes. "O motorista até freia, mas o carro de trás não vê e bate na traseira do outro", conta Camile Kusma, veterinária.

No Orleans também há um grande gargalo, dos carros que usam a Toaldo Túlio para chegar à BR-277. No Mossunguê, apelidado de Ecoville, o trânsito virou um grande nó nas horas de pico devido ao inchaço populacional – o número de moradores aumentou 72% em dez anos.

A Regional Santa Feli­­cidade também sofre com a violência crescente que assola a capital paranaense. Entre janeiro e junho de 2012, ocorreram 19 mortes nos 14 bairros que formam a unidade administrativa, superando o número de casos da Regional Matriz (15), a qual é formada por 18 bairros. Os casos se concentraram no bairro Santa Felicidade (6), no Campo Comprido (5) e no Butiatuvinha (3).

ASSISTA: Boa comida, tradição e religiosidade em Santa Felicidade

Apesar do alto número de crimes, os moradores, lojistas e turistas entrevistados pela Gazeta do Povo foram unânimes em ressaltar as qualidades da região. Ivete Inácio Tramontin, 43 anos, vendedora de uma loja de artesanato, é uma das que se preocupam com a falta de segurança. "Moro aqui há 30 anos, e antes era como uma vila, em que a gente dormia de janela aberta, despreocupado. Hoje, nem pensar." Entretanto, ela rapidamente acrescenta: "O bairro é maravilhoso, tem tudo que precisamos, e o melhor é que todo mundo se cumprimenta. É bom dia para cá, bom dia para lá".

Para Ivete, alguns comerciantes não gostam de falar sobre violência, talvez com medo de afugentar os turistas. Mas eles estão pelas ruas, mesmo em uma tarde chuvosa. E virão em maior número, principalmente se forem feitas mudanças para acolhê-los melhor, opina Gerson Luiz Miola, 49 anos, gerente da loja Vinhos Durigan. "Se pensarmos em cidades como Gramado e Canela, podemos tirar várias ideias para aplicar aqui. Por exemplo: não temos bancos para as pessoas sentarem. Também poderia ser criada uma fachada padrão para as lojas, algum marco arquitetônico que caracterizasse bem o bairro de Santa Felicidade", sugere.

Outro problema é a falta de banheiros públicos. Cecilia Tanje, 53 anos, diz não aos turistas que adentram na sua banquinha de revistas na tentativa de se aliviarem. "Eles pedem, mas eu nego. É uma questão de segurança. Não tem como saber quem são eles, não posso colocá-los para dentro do meu estabelecimento." Ela não tem responsabilidade pelo problema, mas acaba ouvindo várias reclamações. "Outro dia vieram uns uruguaios, reclamando que Curitiba faz propaganda que é de primeiro mundo, mas que não oferece nem um WC."

Quem vai apenas aos restaurantes em Santa Feli­­cidade não passa apuro nenhum, e o passeio fica mais agradável. O casal Cristiane Rodrigues, 39 anos, farmacêutica homeopata, e Osnildo Antonio Bernardo, 39 anos, policial militar, fizeram um bom almoço na cidade e aguardavam a Linha Turismo para seguir à Torre Panorâmica.

Avaliação

De acordo com o dado mais recente sobre avaliação dos turistas, divulgado pela Agência Curitiba S.A, o índice de satisfação com os restaurantes chegava a 92%. A segurança pública ficou com 60,5%, na pior colocação. A informação, entretanto, está defasada, pois os dados são de 2006.

VIDA PÚBLICA | 2:01

O bairro Santa Felicidade é um dos principais pólos turísticos de Curitiba. As tradicionais lojas de móveis e a comida típica dos restaurantes são alguns dos grandes atrativos da região.

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