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Mundo dos sonhos

Alguns exemplos de propostas irreais feitas nesta eleição:

"Quero representar os vereadores. Vamos estar lá mandando emendas que ajudem os vereadores: aquela academia ao ar livre, aquele requerimento do projeto que o vereador fez..."

Claudinei Homem do Chapéu, candidato a dep. federal pelo PSC.

Explicação: Como deputado federal, o político poderá exercer pressão e procurar apoios que beneficiem os vereadores de seu município. Contudo, o trabalho na Câmara dos Deputados não deve girar em torno de temas como academias ao ar livre em determinada cidade.

"Eu pretendo montar um sindicato ou uma associação para ajudar os pintores autônomos de Curitiba e região."

Eneas, candidato a deputado estadual pelo PSDC.

Explicação: A fundação de sindicatos e associações não depende de projetos de lei ou ações de políticos eleitos. Aliás, organizações como a CUT defendem que os membros da categoria que pretendem criar um sindicato se organizem independentemente do Estado e de partidos políticos.

"Os governos estadual e municipal deveriam investir nas igrejas para investir no jovem. Se a igreja cuida de 30 crianças o governo poderia dar R$ 5 mil, por exemplo."

Fenemê, candidato a deputado estadual pelo SD.

Explicação: Como o Estado é laico, a Constituição Federal proíbe o repasse de subsídios do governo a igrejas e instituições religiosas. Exceções são possíveis em caso de interesse público, mas o caso precisaria ser avaliado.

"A primeira proposta seria mexer com a lei do menor."

Nicolau, candidato a deputado estadual pelo PSC.

Explicação: A maioridade penal é um dos temas que só podem ser decididos em âmbito federal. Além disso, por causar polêmica, a discussão tende a envolver também a justiça e setores da sociedade civil.

"Precisamos diminuir os milhares de cargos de comissão, de vereadores, deputados e senadores, de secretarias e ministérios".

Rubens Beleze, candidato a deputado estadual pelo PSD.

Explicação: Como deputado estadual, o político não tem autonomia suficiente para propor e decidir sobre a diminuição no número de vereadores, deputados, senadores e ministérios.

"Reestatização do Banestado já!"

Rodrigo Tomazini, candidato a governador pelo PSTU.

Explicação: Segundo o candidato, a venda do banco foi fraudulenta e é preciso haver pressão popular para apressar o julgamento dos processos que comprovam isso. Com as fraudes comprovadas, pode-se exigir que o Itaú devolva o Banestado ao estado do Paraná. O governador conseguiria realizar sozinho.

Em época de eleição não basta concordar ou não com as propostas dos mais de mil candidatos para conseguir escolher cinco. É preciso saber separar o que é factível das ideias inviáveis. Neste ano há aqueles que querem ser deputados estaduais para aprovar a diminuição da maioridade penal ou a reforma política, temas nacionais, assim como os que pretendem ser deputados federais para aprovar projetos de vereadores, entre outras propostas que, por alguma questão, são difíceis de sair do papel.

"Muitas vezes os candidatos mais inexperientes prometem além daquilo que podem cumprir. Por outro lado, o próprio eleitor por vezes não tem conhecimento de quais são as atribuições dos representantes", explica o cientista político da Uninter Doacir Quadros.

A sugestão de "diminuir os milhares de cargos de comissão, de vereadores, deputados e senadores, de secretarias e ministérios", por exemplo, pode chamar a atenção de quem é favorável à redução da máquina pública. Porém, vinda de um concorrente ao cargo de deputado estadual, como é o caso, a atuação deste candidato no que diz respeito à proposta será restrita, caso ele seja eleito. A ideia é de Rubens Beleze (PSD).

Segundo Quadros, em um caso como esse, é preciso lembrar que as funções das assembleias estaduais giram em torno de "fiscalizar a ação do governo do estado, fazer a legislação no âmbito estadual e aprovar orçamentos". Reforma política, desarmamento, maioridade penal e regulamentação do uso da maconha são temas que os deputados estaduais podem levar à discussão, mas sobre os quais não podem decidir.

Conforme o especialista, os candidatos a deputado federal podem se propor a ajudar as comunidades de onde vêm, como faz Pelé (PTB), que pretende "trazer recursos para Colombo e a Região Metropolitana de Curitiba". Contudo, o político e o eleitor precisam ter em mente que isso será feito principalmente por meio de pressão sobre o governador e troca de apoio.

Outro ponto importante é que as decisões na Assembleia e na Câmara são coletivas e o máximo que os legisladores podem fazer é propor projetos. Segundo o cientista político, isso também leva a outra situação: a dos políticos experientes que colaboraram com determinada lei por meio de voto, mas se passam por idealizadores do projeto para "ganhar o crédito".

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