Dilma Rousseff (à esq.), candidata do PT à Presidência; Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência| Foto: Paulo Whitaker/Reuters; Washington Alves/Reuters

Vitoriosa em 15 estados, Dilma sofre em São Paulo

O resultado da eleição presidencial por estado mostra que a maior parte das unidades da federação manteve suas convicções políticas nos últimos quatro anos. Dos 18 estados que deram vitória para Dilma Rousseff (PT) em outubro de 2010, somente três mudaram de opinião.

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Confronto

"Clássico" era dado como certo por lideranças do PT e do PSDB

Estadão Conteúdo

Líderes de PT e PSDB davam como certa a manutenção da polarização entre os dois partidos desde o começo da votação de ontem. Perguntado se haveria novo "clássico" entre PT e PSDB, Lula disse, no ABC paulista: "Acho que sim, não se inventa candidatura de última hora" – uma referência à candidata Marina Silva (PSB).

Em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso batia na mesma tecla e dizia que "ele (Aécio) ganhando, Marina terá de vir para o nosso lado".

Para o cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais, a polarização é um fenômeno útil ao país. "Acho positiva essa disputa entre dois grandes grupos", declarou. Esse processo ajudaria a criar, entre os brasileiros, "a expectativa de consolidação de um sistema bipartidário e simplificado, que é uma projeção direta do processo que o país tem vivido".

Economia vai ganhar peso no embate final

A reviravolta na última semana da campanha que levou Aécio Neves (PSDB) a ultrapassar Marina Silva (PSB) nas urnas restabeleceu, no segundo turno, a polarização entre petistas e tucanos. Para analistas políticos, isso deverá aumentar o peso da economia no embate entre os dois finalistas.

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Dilma e Aécio farão o sexto confronto direto seguido entre PT e PSDB

A campanha eleitoral que apontava para o fim de 20 anos de polarização entre PT e PSDB na disputa presidencial teve um desfecho completamente inverso

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A campanha eleitoral que apontava para o fim de 20 anos de polarização entre PT e PSDB na disputa presidencial teve um desfecho completamente inverso. A petista Dilma Rousseff (com 41,59% dos votos válidos) e o tucano Aécio Neves (33,55%) protagonizaram ontem a segunda apuração de primeiro turno mais acirrada de todas as sete eleições desde a volta das diretas, em 1989. Marina Silva (PSB), que permaneceu por 40 dias como favorita para chegar ao segundo turno, ficou em terceiro lugar, com 21,32%.

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Com o resultado, Dilma e Aécio vão fazer o sexto confronto direto seguido entre PT e PSDB. No placar, são três vitórias para os petistas (2002, 2006 e 2010) e duas para os tucanos (1994 e 1998).

Ao mesmo tempo em que o desempenho de Marina ficou abaixo do que apontavam as pesquisas, o de Aécio superou todos os prognósticos. Beneficiada pela comoção em torno da tragédia aérea que vitimou Eduardo Campos, dia 13 de agosto, a candidata do PSB chegou a ficar em empate técnico com Dilma na primeira colocação em três sondagens seguidas do Datafolha (entre 28/8 e 9/9). Nesse período, a vantagem dela sobre Aécio Neves chegou a 20 pontos porcentuais (34% a 14%, em 19/8).

A "onda" que levou à virada de Aécio cresceu paulatinamente, a partir da primeira semana de setembro, e foi influenciada pelo bombardeio petista contra Marina. A campanha de Dilma explorou no horário eleitoral supostas incoerências no plano de governo de Marina, como a proposta de independência institucional do Banco Central.

Em nove pesquisas seguidas do Datafolha, Aécio só ficou na frente de Marina (24% a 22%) na última, divulgada na véspera da eleição. O cenário foi o mesmo detectado pelo Ibope – em oito estudos subsequentes, o tucano também apareceu em segundo lugar apenas no último (24% a 21%). Na comparação com as previsões de ambos os institutos, Aécio superou nas urnas a projeção de votos válidos em oito pontos porcentuais.

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O resultado dá ares de imprevisibilidade ao segundo turno. Apesar de ter confirmado a liderança, Dilma foi a vencedora de primeiro turno com a menor porcentagem de votos válidos desde Fernando Collor (então no PRN). Em 1989, Collor fez 28,5% contra 16,1% de Lula (PT).

Em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) encerrou a disputa logo no primeiro turno, com 55,2% e 53,1%. Em 2002 e 2006, Lula por pouco não seguiu o mesmo caminho, com 46,4% e 48,6%. Em 2010, a própria Dilma conseguiu um desempenho melhor que o atual – 46,9%.

Das sete últimas eleições presidenciais, apenas em 2006 a distância do primeiro para o segundo colocado foi mais apertada que a de 2014. Há oito anos, Lula ficou sete pontos porcentuais à frente de Geraldo Alckmin (PSDB) – a vantagem subiu para 21. Ontem, Dilma abriu oito pontos porcentuais sobre Aécio.

Apesar da queda na reta final da campanha, Marina tende a ser decisiva no segundo turno. Proporcionalmente, Dilma precisa de quase metade dos votos da ex-senadora para conseguir a maioria (além de manter os que recebeu ontem). Já Aécio precisa dos votos de aproximadamente quatro a cada cinco marinistas.

Em 2010, quando fez 19,33% dos votos válidos e também ficou em terceiro lugar, Marina preferiu se manter neutra no segundo turno entre Dilma e José Serra (PSDB). Em 2014, a decisão dela permanece uma incógnita, apesar de o PSB estar mais próximo de uma aliança com os tucanos.

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Pauta do 2.º turno terá escândalos de corrupção e falhas de governos

Jônatas Dias Lima, com Agência Estado

As campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) já se armam para o debate em torno de um tema que consideram inevitável no 2.º turno da disputa presidencial: a corrupção na política. O assunto tem sido pautado nesta eleição principalmente pelas suspeitas envolvendo negócios da Petrobras e a Operação Lava Jato da Polícia Federal.

A expectativa é de que as delações premiadas do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, personagens centrais do esquema, levem a novas diligências e revelações, mantendo o caso no noticiário. A campanha de Aécio conta justamente com vazamentos dos depoimentos para atingir a candidatura petista.

O PT tem certeza de que este e outros temas – como a prisão da antiga cúpula do partido no mensalão e as suspeitas sobre um deputado acusado de envolvimento com o crime organizado em São Paulo – serão explorados e já prepara o discurso para evitar que Dilma fique na defensiva logo no início do 2.º turno.

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