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| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo/Arquivo

Sem um considerável corte de pessoal, a proposta do candidato à prefeitura de Curitiba Ney Leprevost (PSD) de reduzir a tarifa do ônibus tornaria inviável a operação da Urbs. Pelo menos é o que mostram os últimos balanços patrimoniais da empresa.

O candidato do PSD prometeu reduzir a tarifa do transporte coletivo de Curitiba em no máximo R$ 0,15 até março de 2017, caso seja eleito. Esse é exatamente o valor relativo aos 4% da taxa de administração da Urbs que impactam na tarifa técnica do setor, aquela que é repassada às empresas de ônibus por passageiro transportado. Hoje, esse valor está em R$ 3,66.

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Retirar essa taxa da tarifa significaria reduzir 40% de toda a receita da Urbs. Em 2015, a empresa arrecadou R$ 28,2 milhões com essa taxa de administração.

Leprevost tem dito que conseguirá operacionalizar a Urbs apenas com os recursos obtidos por meio de locação dos bens da empresa. Mas, essa fonte rendeu “apenas” R$ 35,6 milhões naquele ano – menos da metade do que a Urbs teve de despesa (R$ 74,6 milhões). Outra fonte de receita, a outorga anual paga pelos taxistas, rendeu R$ 4,5 milhões naquele ano. Mesmo assim, segundo o balanço, a Urbs é deficitária.

Se a opção de Leprevost for pela venda dos imóveis da Urbs, isso também não deve resolver a questão. Os balanços disponíveis na internet mostram que esses terrenos valiam pouco mais de R$ 29 milhões em 2016, o que seria suficiente para bancar apenas um ano da operação sem a taxa de administração na tarifa.

No entanto, desde o começo deste ano, a Urbs tenta vender uma área formada por 20 terrenos, totalizando 10 mil metros quadrados, localizada ao lado do antigo Estádio do Pinheirão, no bairro Tarumã, por, no mínimo, R$ 9 milhões, mas não há interessados.

A opção que sobraria, portanto, seria reduzir a folha de pagamento. Em 2015, ela consumiu mais de R$ 100 milhões. O problema é que a Urbs já opera com menos funcionários, pois cede vários deles à outras secretarias. Por isso, deste total, recebeu de volta R$ 45 milhões da prefeitura em 2015. Ainda sim, a receita não dá conta de todas as despesas, como compra de materiais e gastos com serviços gerais.

Na região metropolitana, tarifa do passageiro não caiu

A tarifa técnica das linhas metropolitanas integradas à RIT não têm a taxa de administração desde fevereiro de 2015. A decisão por retirar esse item do cálculo tarifário partiu do governo do estado, quando rompeu da gestão da rede. Isso não significou, entretanto, redução na tarifa paga pelo passageiro.

A Comec assumiu 106 das 356 linhas da Rede Integrada de Transportes no início do ano passado. Como o período é de reajuste no setor, a Comec acabou então responsável por anunciar a nova tarifa técnica dessas linhas: o valor passou de R$ 4,09 para R$ 4,25 (reajuste de 4%). No reajuste deste ano, o valor subiu ainda mais porcentualmente – passando para R$ 4,93, reajuste de 16%.

“Acho muito temerária”, afirma Greca sobre proposta de Leprevost

O candidato a prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), afirmou que a proposta de Ney Leprevost (PMN) para baixar a tarifa é “temerária”. Na opinião de Greca, é preciso haver um amplo debate com o Ministério Público (MP) e todas as partes envolvidas no setor do transporte público da cidade para chegar a um consenso sobre o valor cobrado.

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O debate proposto pelo candidato do PMN é para antes da eleição, incluindo a presença do candidato Leprevost, para ambos firmarem um pacto, que comprometa o próximo gestor da cidade com a definição discutida.

“Proponho um amplo debate presença do MP, participação de toda mídia, para definição de pacto por uma tarifa justa, social, integrada, multimodal e metropolitana para que os dois candidatos adiantem o expediente assinem um pacto a esse respeito”, disse.

O MP já acompanha de perto há anos a questão da tarifa do transporte público da capital. Na própria comissão da tarifa, formada por técnicos em 2013, o MP esteve presente em todos os momentos.

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