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“Não voto” em curitiba

Campanha agressiva, feriado e ocupações devem aumentar abstenção no segundo turno

O número de votos brancos e nulos também deve crescer por conta da similaridade dos candidatos e pelos ataques que trocaram

 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
(Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

No primeiro turno das eleições municipais, 28% dos eleitores curitibanos não votaram em nenhum dos oito candidatos à prefeitura da capital. No segundo turno, a mudança de locais de votação por conta das ocupações das escolas estaduais, a agressividade da campanha eleitoral e um feriado prolongado para servidores públicos podem fazer com que o número de abstenções e votos brancos e nulos cresça ainda mais.

Veja o “desempenho” de brancos, nulos e abstenções no primeiro turno em Curitiba

Questões práticas

Em Curitiba, mais de 700 mil eleitores serão afetados pelo remanejamento de locais de votação feito pelo Tribunal Regional do Paraná em decorrência da ocupação de 147 escolas estaduais da cidade que abrigariam seções eleitorais. A maior parte destes eleitores terá que votar em outro lugar, e o restante deve enfrentar locais de votação mais cheios porque receberão mais seções eleitorais.

Para o cientista político Luiz Domingos Costa, este problema logístico terá um impacto no comparecimento dos eleitores que vai além dos desencontros e da desinformação. “Esse fator acaba sendo uma desculpa, um pretexto para um eleitor que já está desanimado”, avalia.

Outro fato que tem potencial de colaborar com o aumento no número de abstenções neste segundo turno é o feriado do dia do servidor público, comemorado nesta sexta-feira. Se a folga de três dias já parece uma boa oportunidade para uma viagem, no caso dos mais de 33 mil servidores municipais de Curitiba, a tentação é ainda maior. A prefeitura jogou o feriado para segunda-feira, decretou ponto-facultativo na terça e emendou a data com o feriado de Finados, na quarta (2).

Questões políticas

Além desses fatores mais práticos, o baixo nível da campanha eleitoral neste segundo turno também deve afastar os eleitores das urnas. “As pessoas não gostam dessa agressividade, elas querem discutir creche, mobilidade urbana, os problemas da cidade. Esse tipo de campanha ajuda a profundar o desgaste, o desencanto com a política e vai ter impacto negativo na questão de votos brancos e nulos”, alerta o cientista político André Ziegmann.

Os próprios candidatos parecem ter percebido que o excesso de ataques pode ter colaborado para aumentar o número de “não votos”. Na última semana de campanha, tanto Ney Leprevost (PSD), como Rafael Greca (PMN), pediram que os curitibanos compareçam às urnas.

Em entrevista à RPC, Leprevost admitiu que os dois lados perdem com os ataques mútuos e disse que compreende a indignação das pessoas com a política. “As pessoas estão com ojeriza da classe política. Com toda a razão. É justamente por isso que elas não devem deixar de votar ou anularem o voto, elas estarão ajudando o candidato da velha política”, disse.

Já Rafael Greca tem usado seu horário eleitoral gratuito para tentar combater as abstenções e votos inválidos. “Investimos em peças publicitárias específicas para conscientizar a população sobre a importância do voto e eu tenho explicado nas minhas caminhadas e nos meus encontros”, informou o candidato.

Nesta última semana de campanha, os programas de Greca têm terminado com a seguinte mensagem: “Com tanta desilusão, voto nunca foi tão importante. Lembre-se: voto é individual, mas as consequências são coletivas”.

Para André Ziegmann, esse posicionamento revela preocupação por parte dos candidatos. “Talvez eles estejam com algum dado, alguma estatística de que essa abstenção possa provocar seu eleitorado específico, cativo, e prejudicar sua votação”, avalia.

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