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O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), cobrou nesta terça-feira (15) do senador alagoano Renan Calheiros, líder do PMDB, explicações sobre um funcionário contratado pelo gabinete do peemedebista que recebia da Casa enquanto estudava inglês na Austrália. Os dois chegaram a discutir em plenário.

O ex-funcionário do gabinete de Renan, o agora deputado estadual de Alagoas Rui Soares Palmeira (PR), filho do ex-senador Guilherme Palmeira, admitiu em entrevista que estudava no exterior enquanto estava na folha da pagamento do Senado.

Rui Palmeira foi contratado no dia 23 de fevereiro de 2005, com salário de R$ 4,1 mil, em indicação feita pelo próprio Renan. A exoneração aconteceu no dia 31 de março de 2006. A viagem à Austrália foi em dezembro de 2005. Desse período até 31 de março de 2006, o servidor continuou recebendo salário.

"Fui fazer um curso lá de dezembro a março", relatou o ex-assessor de Renan. "Aproveitei o período de recesso e de Carnaval. Até aquele ano o recesso era mais longo, ia de 15 de dezembro a 15 de fevereiro", disse, segundo reportagem publicada nesta terça pelo blog do jornalista Fábio Pannunzio.

O caso é semelhante ao episódio que envolveu o próprio líder do PSDB, alvo de representação do PMDB no Conselho de Ética da Casa por ter garantido vencimentos a um funcionário que estudava em Barcelona, na Espanha.

Virgílio reconheceu o erro e devolveu aos cofres do Senado R$ 329 mil, relativos aos vencimentos do assessor durante o período em que permaneceu em Barcelona. "No meu caso, não menti, reconheci o erro e devolvi o dinheiro. Gostaria de saber como o senhor (Renan) vai se portar diante desses fatos. Se vossa excelência irá se explicar perante a casa", questionou Virgílio.

Em resposta, Renan afirmou que não sabia sequer o local de lotação do servidor e disse que não iria comentar o caso. "Não tenho nada a responder sobre essa questão. Não compete a nenhum senador tratar aqui de frequência de funcionário. Não cabe ao senador tratar da frequência de servidor", respondeu Renan.

Virgílio lamentou a postura de Renan e cobrou da Mesa Diretora do Senado uma relação completa dos servidores que fizeram curso no exterior. "Não abro mão de ter em minhas mãos amanhã a lista de todos os servidores que estão fazendo curso no exterior e continuam contratados no Senado", disse Virgílio.

De acordo com Rui Palmeira, foi o próprio Renan quem autorizou a viagem à Austrália. "Eu conversei com o Renan, ele pediu pra eu conversar com o meu chefe imediato, que era o Dr. Hélder (Rebouças), e disse que se não houvesse problema eu poderia ir". Ele também afirma que Renan não pode alegar desconhecimento da viagem. "Ele tinha conhecimento", disse.

Rui Palmeira afirma que as aulas se estenderam até março, mês em que ele pediu demissão do cargo que ocupava na presidência do Senado. O ato de exoneração foi publicado no dia 31 de março de 2006, data em que, segundo ele, as aulas se encerraram. "Eu ainda permaneci mais um mês na Austrália. Pedi exoneração de lá. Fiquei (no Senado) exatamente o período do meu curso", diz o deputado.

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