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Até então calados e com vergonha de aparecer, funcionários efetivos que foram considerados desnecessários pela Assembleia paranaense aceitaram ontem expor nomes e rostos para dizer que não concordam em receber salário sem trabalhar. A situação tem sido mostrada no decorrer desta semana pela Gazeta do Povo, que revelou que pelo menos 45 pessoas passam os dias sem ter o que fazer, já que a direção da Casa decidiu que não há trabalho para elas. A nova gestão afirma que no lote de relegados estão pessoas que antes não apareciam na Assembleia, gente ligada à administração anterior e funcionários com baixa qualificação profissional ou mesmo que pertenciam a setores que foram extintos, como a gráfica e a vigilância.

A reportagem esteve na tarde de ontem no escritório jurídico que assessora o Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis) para encontrar 13 dos 45 servidores que ainda esperam designação de cargo. Todos afirmaram ter mais de 20 anos de trabalhos prestados. "Queremos dizer que não somos fantasmas", declarou a psicóloga Elaine Esteves de Albuquerque Maranhão, que até fevereiro trabalhava na Diretoria de Serviços Especiais, preparando editais e digitando livros para a Casa.

Sem justificativa

Os descartados alegam que não receberam qualquer justificativa antes de serem relegados a passar o dia no auditório da Assembleia, esperando uma definição. "Estamos nos sentindo como se fôssemos leprosos", lamentou José Portela, que trabalhava na mesma diretoria de Elaine. Muitos fizeram relatos de humilhação. Dizem que vários funcionários que continuam trabalhando ou que já arranjaram ocupação – mesmo tendo passado um tempo como descartados – vivem em clima de tensão permanente e se sentem aterrorizados com pressões sofridas.

Os agora descartados não aceitam a transferência para outros órgãos públicos, nem querem ficar em casa, mesmo mantendo os salários. Só uma solução foi apontada pelos servidores ociosos: eles querem retornar ao trabalho na própria Assembleia. Diante do argumento apresentado pela direção de que não há nem sequer espaço suficiente para abrigar todos, os funcionários afirmam que podem desempenhar as funções que hoje são realizadas por pessoas recém-contratadas. "Mas precisa ficar claro que não existe o time do efetivos jogando contra o time dos comissionados. Só queremos trabalhar", afirma Nargel dos Santos Mann, do setor de processamento de dados da Assembleia.

Outro lado

O presidente da Casa, Valdir Rossoni, mantém a posição de que não tem trabalho e espaço para tais servidores e que pretende transferir os funcionários para setores que têm falta de pessoal no governo estadual. Quem não aceitar será mandado para casa, com redução de salário. "Não adianta me pressionar porque eu vou fazer o que é certo", disse. Sobre as reclamações dos funcionários ociosos, declarou: "Se eles estivessem felizes significaria que eu estava fazendo algo errado". Sobre a acusação de promover um clima de terrorismo entre os funcionários, Rossoni afirmou que recebe a designação como um elogio. "O que eu estou fazendo é exigir que os funcionários cumpram horário e tenho certeza que a população me apoia nisso", finalizou.

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