O principal problema que a articulação política de Dilma Rousseff encontra neste momento é o de viver no escuro: ministros que participam das reuniões com a presidente sobre o tema do impeachment admitem que não conseguem qualquer informação precisa sobre os próximos passos de Eduardo Cunha. O presidente da Câmara estaria sendo extremamente discreto sobre seus planos. E é tido como imprevisível.
Nesta segunda-feira (12), a presidente novamente se reuniu com seu núcleo político. Continuou sem saber o que ocorrerá. “Ninguém sabe bem o que ele vai fazer”, queixou-se um ministro. O governo teria tentado inclusive um acordo de última hora com o presidente da Câmara. Desde a semana passada, ministros próximos à presidente, como Jaques Wagner (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social), procuraram o peemedebista.
Evangélicos, ruralistas e bancada da bala dão sustentação a Eduardo Cunha
Leia a matéria completaO governo teria sinalizado com a possibilidade de dar uma espécie de trégua a Cunha no episódio das contas reveladas pelo governo da Suíça em seu nome, cuja existência ele nega, o que pode levar a seu pedido de cassação. A bancada do PT evitaria fazer críticas, não defenderia seu afastamento e manteria distância de qualquer movimento pela cassação do peemedebista. A base aliada, segundo a proposta, também não apoiaria um eventual processo no Conselho de Ética, cujo pedido deve ser protocolado nesta terça pelo PSol. O acordo, no entanto, sofre resistência de Cunha.
Enquanto isso, como fez na votação das pedaladas no Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, já está preparado para agir novamente – agora na tentativa de evitar o processo do impeachment. O principal argumento, segundo um interlocutor do governo, é que a presidente não teve responsabilidade “pessoal e direta” nas chamadas pedaladas fiscais – o que resultou na violação da Lei de Responsabilidade Fiscal, na visão do Tribunal de Contas da União.
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