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Brasília - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou, durante depoimento de mais de quatro horas na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, que há uma "preferência política" pela parceria com os franceses na questão da compra dos caças para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB). "Basta que os franceses cumpram com o compromisso de transferir a tecnologia e de valor final", declarou Jobim, ressalvando depois que "o ne­­­gócio não está fechado" porque surgiram propostas novas que serão apresentadas pelos norte-americanos, fabricantes do F-18, e pelos suecos, do Gri­­­pen, até dia 21.

Jobim afirmou ainda que, no caso da França, é preciso que a Dassault, empresa privada que fabrica o modelo Rafale, apresente as propostas confirmando o que foi acertado pelos presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Defesa listou as seis ofertas feitas pela França, registradas na carta que Sarkozy entregou a Lula, e, ao contar que o governo brasileiro se queixou dos altos custos da hora de voo do Rafale, Jobim revelou que o presidente francês informou a Lula que o custo total seria da ordem de 9,8 mil euros, sem dizer qual era o valor da proposta anterior.

Na audiência, Jobim disse aos senadores que agora está na hora de saber o que os norte-americanos querem dizer com "transferência necessária" e os franceses com "transferência irrestrita de tecnologia". O ministro voltou a criticar os norte-americanos pelos "precedentes anteriores, que são ruins", lembrando quando eles impediram a venda dos Su­perTucanos da Embraer para a Venezuela. Citou ainda o fato de os Estados Unidos terem diferentes autoridades que interferem na questão da transferência de tecnologia. Afirmou, no entanto, que "em relação a parte técnica, os três aviões se equivalem". E comemorou: "o que é ótimo nisso tudo é que acirrou a concorrência e vamos ganhar com isso".

Os senadores deixaram a audiência comentando que não se convenceram das explicações de Jobim sobre a preferência pelos caças franceses. "Ele tentou justificar a escolha do governo, mas não conseguiu", declarou o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), afirmando que a concorrência técnica da FAB foi "jogada no lixo". O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) foi na mesma linha, justificando que "a opção política não pode se sobrepor ao interesse do país".

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